(John William Godward, In The Balcony)
* poesia* aprender* pensar* metamorfose * ética* caminhos * (desejo de) conhecer* escolhas
Fruto do hábito e da vontade, a amizade, segundo Aristóteles, é qualquer coisa de extraordinário – a mais elevada virtude, quando o outro é amado por ele próprio e não por um cálculo mais ou menos egoísta. Ainda que Aristóteles considere que existem amizades estabelecidas com base na utilidade ou prazer, a verdadeira é a que decorre da bondade.
Montaigne é outro que fez a apologia da amizade: «Na verdadeira amizade, diz ele, dou-me ao meu amigo mais do que dele quero para mim.» Sob esta forma, a amizade é considerada, desde a Antiguidade, como a própria expressão da felicidade.
A intimidade própria da amizade em que os amigos se encontram à parte do mundo convive com a ideia da sua importância política. Assim o realça H. Arendt, que na perspectiva grega, a amizade entre cidadãos é a condição do bem-estar na cidade: o mundo comum deve tornar-se objecto de diálogo, sem o que se torna inumano. Graças ao «falar-em-conjunto», observa ela, humanizamos o mundo e aprendemos a ser humanos.
Michel Onfray, em A Escultura do Eu, afirma que electiva, a amizade é tida por aristocrática e anti-social. Reforça a singularidade de cada um, pois consente, nos meandros da escultura do eu, o recurso ao outro.
Inscreve a sua sumptuosidade por cima de quaisquer obrigações que não sejam provenientes dela. Por isso, é a virtude por excelência, pois não é possível criar normas que a excedam ou leis que a restrinjam. “O amigo é o único capaz de guardar segredos, o único que conhece o mundo do indizível. Tal termo não pode ser conjugado e dificilmente o consigo imaginar no plural”.
A natureza catártica da amizade é inegável, ajuda a viver instalando o equilíbrio, a paz interior, a ordem. Noutros casos, tais como de indecisãoperante uma escolha ou uma alternativa, a amizade confere um carácter de clarificação, também porque ao escutar permite que o amigo que formula os seus problemas, descortine uma solução. O ouvido amigo é a ocasião propícia a uma construção que jamais existiria sem aquele.
Distingo figuras – as do conhecido, do colega, do parceiro, da pessoa com quem é agradável estar, das pessoas de quem se gosta e os Amigos. Raros e preciosos, numa reciprocidade e partilha especiais. É-se mais abençoado, por eles existirem.
Não haver nenhum comentário a um tema destes ou é da eloquência ou é distração!
Ao ir lendo os diversos aspectos citados, fui-me revendo nas minhas Amizades, e parece-me que houve um aspecto que eu sinto e não foi referido:
Lembram-se daquela canção “…Winter Spring Summmer or Fall all you have to do is call and i will be there ho yes i will…” ?
Pois é por aí: o sentimento de responder à chamada, de estar quando é preciso!!!
RG
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:))
Touché, RG. Não consta, realmente, o sentimento e o sentido da disponibilidade de «responder à chamada».
Interrogo se, sem existir «chamada», emerge um senso profundo em se saber que existe uma disponibilidade total.
E sim, gosto da ideia da prontidão em responder à chamada…
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Parabéns por suas palavras ! Adorei…Deixe um comentário em meu blogger ! Beijão ! [;)]
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