–
–
–
–
–
–
–
–
–
Pergunta-me
se ainda és o meu fogo
se acendes ainda
o minuto de cinza
se despertas a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue
Pergunta-me
se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos
Pergunta-me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes
que me detive
junto das pontes enovoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu que reunias pedaços
do meu poema reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente
Qualquer coisa
pergunta-me
qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer
Mia Couto
(Escultura «Labareda», Bruno Giorgi)
As palavras…já sabemos que dizem…
A pedra esculpida…também!
Boa mistura, esta.
SD
GostarGostar
É tão bom ler poesia!
Gosto!
GostarGostar
As palavras… vestem as ideias.
A escultura… transforma a pedra.
Faltaria ter em conta um elemento catalizador, como o fogo ou a inspiração 🙂
GostarGostar
Também me parece, «poesia, sempre» 🙂
GostarGostar