Símbolos | Mimo-gaio, em “The Hunger Games”

Alguns livros (e filmes) demarcam-se de forma icónica, com símbolos e imagens que  os identificam de forma única. E, sendo símbolos, são quase sempre mais do que simbólicos.  Nos livros “The Hunger Games”, o “Mockingjay” começa por ser um alfinete

556557_425887340761256_2027899490_nI fasten the pin onto my shirt, and with the dark green fabric as a background, I can almost imagine the mockingjay flying through the trees.” – Katniss

O Mockingjay (Mimo-gaio) é resultado de uma experiência falhada – o  governo de Panem tinha criado os Jabberjays para espiar os inimigos da Capital, com a habilidade de memorizar e repetir conversas; quando os rebeldes perceberam, passaram a usar os Jabberjays contra a Capital, enviando falsas informações . Assim, o governo abandonou os pássaros para morrerem na floresta – mas os Jabberjays machos acasalaram-se com Mockingbirds fêmeas, surgindo os Mockingjays, que têem a capacidade de repetir melodias humanas e de se protegerem na floresta selvagem; a incapacidade do governo em controlá-los contribuíu para fazer deles um símbolo da causa rebelde.

The-hunger-games-trilogy

Se olharmos as capas dos livros, no segundo o Mimo-gaio está dentro de um círculo que se romperá no terceiro, na simbologia da rebelião contra a Capital.

Os-Jogos-da-Fome

A saudação com o braço e três dedos levantados também se transforma em símbolo da rebelião contra o totalitarismo. Em Panem, como em qualquer universo (distópico ou não), os símbolos têm significados específicos, ligados a eventos, episódios, pessoas, histórias. E, especialmente, a aspirações e causas.

“Los Intocables” de Erik Ravelo

erik ravelo

O que me tocou nas fotografias de Ravelo, foi a mensagem explícita de crucificação e abuso…. As figuras adultas estão de costas, trajadas com o que representam. E mais do que as frases que acompanham a divulgação

A primeira imagem refere-se à pedofilia no vaticano. A segunda ao abuso sexual infantil no turismo na Tailândia, e a terceira refere-se à guerra na Síria. A quarta imagem refere-se ao tráfico de órgãos no mercado negro, onde a maioria das vítimas são crianças de países pobres; a quinta refere-se ao armamento livre nos EUA. E por fim, a sexta imagem refere-se à obesidade, culpando as grandes empresas de fast food.
A nova série produzida pelo artista cubano Erik Ravelo foi intitulada como “Os intocáveis”, são fotografias de crianças crucificadas em seus supostos opressores, cada um por um motivo diferente e uma mensagem clara, visa reafirmar o direito da criança de ser protegida e relatar o abuso sofrido por elas principalmente em países como: Brasil, Síria, Tailândia, Estados Unidos e Japão.”

a ideia dos Intocáveis, adultos que maltratam, oprimem, matam, quando seria suposto que a missão dos adultos fosse proteger as crianças. E a conivência social que o permite…

Erik Ravelo é um artista cubano que atualmente atua como diretor de criação do centro de pesquisa e comunicação da Benetton. E tem outros ensaios no seu portefolio,

formas e representações

É sempre interessante ler quando outros escrevem sobre uma das figuras que preferimos. Espiral, é.

E representa quê? entre outras coisas, o desenvolvimento em ascensão. O «círculo hermenêutico» é muito mais uma espiral que um círculo. A espiral sobre (e ou desce) em retorcer-se sobre si. O sinuoso do que se mantem em torno de um eixo, ainda assim, que quase regressa ao mesmo local, reencontrando proximidade nesse retorno.

Pensar numa espiral tanto traz a (dupla) hélice do ADN como os redemoinhos e tornados ou os círculos dos ninhos dos pássaros. Traz os celtas e o mistério da vida. Traz os astecas e o ciclo do sol. Traz os hindus e a kundalini, fluxo de energia em espiral. Traz Arquimedes e a matemática. Evoca o crescimento das conchas e das pinhas. Relembra galáxias e escadas. Traz o Nautilus, caso raro entre os do seu género, que cresce em espiral logarítmica. Recorda Descartes e o modelo de crescimento contínuo sem modificação de estrutura. Recorda a sequência de Fibonacci e as noites de insónia de Einstein.

Como todas as representações, vive das dimensões de metáfora, de analogia, de abstractos, de apresentação próxima ao real, do imagético e do recriado. A forma, essa, é mais regular.

símbolos

Nos ribeiros e riachos, junto a edifícios e nos terrenos dos templos, nadam tranquilamente as carpas – e eu pensava-as mais pequenas…

Dizem os japoneses que as carpas coloridas representam “jóias vivas que nadam”.
Curiosamente, a carpa é símbolo de masculinidade – a 5 de Maio, Dia das Crianças (hoje assim considerado, mas de tradição o Dia dos Meninos), acontece o Koi Matsuri (Festival das Carpas), em que figuras de samurai são exibidas em casa e carpas feitas de tecido ou de papel são postas a voar ao vento, atadas a postes ou corda. São os Koi Nobori e representam o desejo da família de que os meninos se tornem tão vigorosos quanto as carpas, capazes de nadar teimosamente contra a corrente. (por causa da referência ao Dia dos Meninos, devo dizer que existe ainda o festival da infância Shichi-Go-San (Sete-Cinco-Três), a 15 de Novembro, e o Hina Matsuri (Festival das Bonecas), a 3 de Março, dedicado à felicidade das meninas pequenas).

Diz a lenda que uma carpa nadou rio acima, contra a correnteza e galgando cascatas, e quando chegou ao topo, transformou-se num dragão.
Acredita-se que as carpas trazem sorte e sucesso na vida, e como podem nadar contra a corrente simbolizam perseverança e valentia. Dir-se-ia que os atributos que a carpa representa são virtudes guerreiras – força, persistência, coragem e sucesso. Todavia, o simbolismo associado às carpas inclui a sorte e o amor (Koi, em japonês, significa carpa mas também paixão, amor – para o qual os japoneses também teêm a palavra ).

Ficam as fotos – as que eu fotografei, e a que a DK enviou – obrigada :).
E o post, de conversa geral, e especialmente, para quem aprecia peixes e sabe de carpas.

de símbolos… e de Jung

O pensamento simbólico é a marca distintiva mais específica da condição humana e resulta de uma transformação que se insere no processo de hominização. Aristóteles afirmava que não se pensa sem imagens…

Carl Gustav Jung afirmou que os símbolos são fruto do inconsciente e apontou a estreita relação dos símbolos mitológicos com os símbolos dos sonhos, assinalando a forte probabilidade de grande parte dos símbolos históricos provir directamente dos sonhos ou por eles ter sido estimulada. Já Freud referira que o simbolismo dos sonhos não pertence propriamente ao sonho, mas às representações inconscientes do povo, surgindo numa forma mais perfeita nos mitos, lendas e ditos espirituosos.

Além da mitologia cultural há referências à mitologia pessoal – e parte desses mitos pessoais vêm à tona nos sonhos, devaneios, sensações corporais, jogos, paixões, lapsos verbais, rituais, música, dança, escrita, desenho e pintura espontânea.

“Um símbolo não traz explicações; impulsiona para além de si mesmo na direção de um sentido ainda distante, inapreensível, obscuramente pressentido e que nenhuma palavra de língua falada poderia exprimir de maneira satisfatória” (Jung).

Figuras sintéticas, substitutivas de coisas conhecidas não são símbolos – são sinais. É o caso das asas estampadas na roupa dos aviadores.

Representações figuradas de objetos ideais ou materiais não são símbolos – são alegorias. É o caso da justiça representada por uma mulher de olhos vendados.

Os símbolos, segundo Jung, são a expressão de coisas significativas para as quais não há, no momento, formulação mais perfeita. Como a imagem da caverna, descrita por Platão, onde os homens acorrentados vêm o movimento de sombras que tomam por reais, sem se darem conta de que desconhecem a verdadeira realidade. Por isso, os símbolos são mediadores, de linguagem universal e muito rica, capaz de transmitir através de imagens…

preparados para a diversidade?…


Há gente que utiliza o Ankh, pendurado ao pescoço. E, sendo certo que alguns não conhecem o significado do que usam, muitos portam significado ao que trans-portam consigo.

O Ankh é um símbolo antigo, que se reveste de uma variedade de significados. Desde a imortalidade e da crença que a vida nunca acaba, passando pela fertilidade (pelo grafismo de representação de «chave do Nilo») e símbolos feminino e masculino (Osiris e Isis, a união de céu e terra), até à grandeza do homem, de braços abertos para o universo. Centralmente, é um símbolo (chave) de Vida.

Preparados
para a diversidade?

caminhos de um mito


Faz mais de uma década que passámos (eu e dois colegas), quase um ano às voltas com o Sebastianismo – por interesse intelectual, que acabou num evento de História das Ideias Europeias. A efeméride de hoje fez-me voltar a esses caminhos, de uma ideia messiânica, que acredita no advento de um Salvador que nos libertará…

À fé no regresso do desaparecido D. Sebastião juntou-se um conjunto de temas retomados em contextos de crise política. O Mito do Encoberto veio de Gonçalo Anes (o Bandarra), caminhando até ao século XX, com um momento alto na ideia de um «Quinto Império» e no entrosar dos temas e das ligações históricas, políticas e bíblicas.

A ideia de “há-de voltar numa manhã nevoeiro, montado num cavalo branco” garante uma visibilidade difícil… e na Madeira, há uns anos, mostraram-me o monte onde o povo diz que está guardada a espada.
Contos e histórias… que trazem ou reflectem desejos de libertação e de grandeza, os traços saudosistas (ah, a saudade como tema português) e aparece em textos de Leonardo Coimbra, Jaime Cortesão, Teixeira de Pascoaes e, naturalmente, Fernando Pessoa.

Aprecio o «link» que associa o mito sebastianista às lendas arturianas.
E reinterrogo se não houve uma etapa sabastianista nacional, na queda de um avião, nos inícios da década de 80. Aliás, até podia reinterrogar hoje… ou não?!…

Das palavras – detalhes

Gosto de castelos.
De muralhas e torres de menagem.
De portas e brasões, deixando a marca do tempo.
E assinalando a história.
Como as marcas de côvado.
Ou os relógios de sol.
Detalhes.
Por vezes, quase insignificantes, que passam despercebidos a um olhar mais desatento.
Mas estão e permanecem além do tempo em que surgiram – para além do seu próprio tempo.

Pode ser metáfora para outras ideias, este permanecer para além

dos significados: as cores

O template está fixado, por ora.

Se as cores têm significado (escuso-me agora, mas a cromoterapia é uma área interessante!) , o castanho junta a vitalidade revigorante do vermelho e o equilíbrio relaxante do verde. Côr da terra, raízes e troncos, da solidez. Vigor e fortaleza de espírito, ligada a projectos e a serenidade.

A imagem do ilhéu de árvores, no meio da água, quer juntar um colectivo que se reúne enquanto se separa… e junta-se pelos interesses, pela partilha, pela conversa.
O verde reflecte participação, adaptabilidade e generosidade. Dizem os entendidos que amplia a compreensão e é a cor mais harmoniosa e calmante de todas.
A água, do azul e do espectro frio, associa-se à paz e à confiança, favorecendo as actividades intelectuais e a reflexão.

Assim, porque procurar sentidos faz sentido, se reuniram os elementos gráficos e se renovam, na mudança, os desejos de conversa.

The Coming of Light

Even this late it happens:
the coming of love, the coming of light.
You wake and the candles are lit as if by themselves,
stars gather, dreams pour into your pillows,
sending up warm bouquets of air.
Even this late the bones of the body shine
and tomorrow’s dust flares into breath.

in The Story of Our Lives
Mark Strand

If a man lets his poems go naked, he shall fear death.
If a man fears death, he shall be saved by his poems.
If a man does not fear death, he may or may not be saved by his poems.
Mark Strand


http://www.mipoesias.com/Volume19Issue2/strand.html

olhares

… devo ter um “problema” com as formas e os desenhos…

Há uns dias, a filha de uns amigos tinha um casaco com uma forma bordada.
“Gira, a borboleta!”, disse eu.
E a catraia respondeu-me, com estranheza: “Não é uma borboleta, é a cabeça de um urso!”

A imagem que coloco abaixo, para mim, continua a ser uma fonte de dificuldade e serve de exemplo paradigmático – há uns (muitos) anos, apareceu o cartaz
– estranho, este cartaz, com dois dentinhos, disse eu
– dentinhos???!!!
– mais precisamente dois em cima e dois em baixo!
– tu não vês o morcego?!
– qual morcego?! – eu só via os “dentinhos”…
Hoje olho e tenho de fazer um esforço para ver o morcego… gosto mais de ver os dentinhos!


dois dentinhos Posted by Hello

… pode ser que tenha um “problema” com o que identifico ao olhar …
mas faço analogia com a recusa em ver cenários apenas e totalmente negros.
Há sempre uma perspectiva diversa, que pode iluminar algo positivo.
Em qualquer imagem de morcego, estão lá também os dentinhos…