“Era uma vez um pintor que tinha um aquário com um peixe vermelho. Vivia o peixe tranquiliamente acompanhado pela sua cor vermelha até que principiou a tornar-se negro a partir de dentro, um nó preto atrás da cor encarnada. O nó desenvolvia-se alastrando e tomando conta de todo o peixe. Por fora do aquário o pintor assistia surpreendido ao aparecimento do novo peixe.
O problema do artista era que, obrigado a interromper o quadro onde estava a chegar o vermelho do peixe, não sabia que fazer da cor preta que ele agora lhe ensinava. Os elementos do problema contituíam-se na observação dos factos e punham-se por esta ordem: peixe, vermelho pintor – sendo o vermelho nexo entre o peixe e o quadro através do pintor. O preto formava a insídia do real e abria um abismo na primitiva fidelidade do pintor.
Ao meditar sobre as razões da mudança exactamente quando assentava na sua fidelidade, o pintor supôs que o peixe, efectuando um número de mágica, mostrava que existia apenas uma lei abrangendo tanto o mundo das coisas como o da imaginação. Era a lei da metamorfose.
Compreendida esta espécie de fidelidade, o artista pintou um peixe amarelo.”
Herberto Helder – Os passos em volta. Assirio & Alvim
E eis senão quando a cor amarela do peixe pintado começa a escorrer na tela. Por fim, o peixe ficou da cor da água onde pertencia.
😉
GostarGostar
lindo… :))
Nada como um diferente final feliz.
GostarGostar
Obrigado pela pesca.
Com a devida licença, vou colocar este texto na Peixologia.
GostarGostar
Toda a licença 🙂
O mais interessante é mesmo a história 🙂
GostarGostar