Expressões idiomáticas: as 100+

Sim, como toda a gente (será?!) uso expressões idiomáticas. Identifiquei as que me parecem mais frequentes…

  1. À grande e à francesa: ostentar, com pompa e circunstância
  2. Abandonar o barco: desistir numa situação difícil
  3. Abécula: diz-se de alguém pouco inteligente, incompetente
  4. Abrir o jogo: revelar detalhes, dizer a verdade, clarificar intenções
  5. Adoçar a boca: pretender um favor de alguém com elogios
  6. Agora é que são elas! momento em que começam as dificuldades
  7. Amigo da onça: amigo falso, interesseiro ou traidor
  8. Ao deus dará: abandonado ou sem rumo
  9. Armar um banzé:fazer algazarra, barulho, confusão
  10. Arranjar sarna para se coçar: procurar problemas
  11. Arregaçar as mangas: começar uma atividade ou um trabalho com afinco
  12. Balde de água fria: desilusão, desapontamento, quebra de expetativas
  13. Barata tonta: andar perdido, desorientado, sem saber o que fazer
  14. Bater na mesma tecla: insistir no mesmo assunto
  15. Cabeça na lua | Cabeça nas nuvens: distraído, pessoa que nunca sabe que dia é, se esquece dos seus afazeres.
  16. Cair a ficha: dar-se conta de algo ou entender um assunto tardiamente
  17. Cair o Carmo e Trindade
  18. Cair de pára-quedas: de forma inesperada, sem preparação
  19. Calinada:  forma de corrigir alguém que cometeu erro (ortográfico)
  20. Cara de pau: descarado ou sem-vergonha, desfaçatez
  21. Com a  corda no pescoço: estar ameaçado, sob pressão ou com dificuldades financeiras
  22. Com a faca e o queijo na mão: com poder ou condições para resolver algo
  23. Com a mão na massa:iniciar ou continuar uma atividade
  24. Como as obras de Santa Engrácia: obras que não acabam
  25. Como sardinhas em lata: muito apertados
  26. Conversa fiada: falar mentira ou inventar desculpas
  27. Da boca para fora: dizer de ânimo leve
  28. Dar a volta ao bilhar grande: não incomodar e ir embora
  29. Dar a volta por cima: recuperar de um azar, de uma adversidade
  30. Dar com a língua nos dentes: dizer algo que não podia ter sido dito
  31. Dar de bandeja: sem esforço, sem dificuldades
  32. Dar o braço a torcer: ceder a uma opção que não era a escolhida
  33. Dar um lamiré: explicação resumida sobre algo
  34. Dar uma mãozinha: dar uma pequena ajuda
  35. Dar uma volta ao bilhar grande:
  36. Dor de cotovelo: convencionada como dor dos invejosos
  37. É trigo limpo farinha Amparo: certeza de algo
  38. É um pau de dois bicos: decisão difícil
  39. Erro crasso
  40. Em águas de bacalhau: sem resposta
  41. Engolir sapos: fazer algo contrariado, suportar situações desagradáveis sem qualquer manifestação
  42. Estar com a cabeça quente: estar muito irritado
  43. Estar com a corda toda: estar animado ou empolgado
  44. Estar com a pulga atrás da orelha: estar desconfiado
  45. Estar com um pé atrás: estar desconfiado
  46. Estar com uma pedra no sapato: ter um problema por resolver
  47. Falta de chá: falta de boas maneiras
  48. Falar pelos cotovelos: não se calar
  49. Favas contadas: acontecimento ou facto dado como certo
  50. Fazer cera: sem fazer nada, preguiçoso
  51. Fazer de olhos fechados: fazer com muita facilidade
  52. Fazer vista grossa: fingir que não viu, relevar ou negligenciar
  53. Feito ao bife: estar com um problema grave sem solução à vista
  54. Ferver em pouca água: pessoa irritadiça, que não tem muita paciência e não aceita situações desfavoráveis.
  55. Ficar a ver navios
  56.  Ir aos arames
  57. Lágrimas de crocodilo: quando a pessoa parece fingir a sua tristeza ou quando o outro não acredita na sinceridade dos seus sentimentos.
  58. Lavar a roupa suja: acertar as diferenças com alguém
  59. Lavar as mãos: não se envolver
  60. Levar a carta a Garcia
  61. Memória de elefante:  lembra-se dos ínfimos detalhes muito tempo depois
  62. Meter a pata na poça: fazer asneira
  63. Meter o dedo na ferida: insistir numa situação problemática
  64. Meter os pés pelas mãos: confundir-se no raciocínio, agir desajeitadamente
  65. Mudar da água para o vinho: mudar totalmente ou radicalmente
  66. Não chega aos calcanhares: não está ao mesmo nível
  67. Não é grande espingarda: não é grande coisa
  68. Não vai ser pêra doce: não vai ser fácil
  69. Nariz empinado: pessoas que estão muito convencidas de que têm sempre razão e que querem sempre pôr em prática as suas ideias.
  70. Nunca mais é Sábado: quando algo está a levar muito tempo até suceder ou quando se está enfastiado e se quer que o tempo passe mais rápido.
  71. Onde Judas perdeu as botas: lugar muito distante
  72. Ouro sobre azul: algo perfeito, boa oportunidade
  73. Ouvidos de tísico: ouvir muito bem
  74. Paninhos quentes: tratar alguém com condescendência, amenizar os factos
  75. Pendurar as chuteiras: aposentar-se ou desistir
  76. Pensar na morte da bezerra: não prestar atenção quando lhe falam
  77. Perder as estribeiras: desnortear-se
  78. Pôr as barbas de molho: precaver-se
  79. Pôr as cartas na mesa: expor os factos
  80. Pôr a mão no fogo: confiar muito em alguém, atestando a sua inocência
  81. Pôr mãos à obra: trabalhar com afinco
  82. Pôr o carro na frente dos bois: pular etapas de forma inapropriada, geralmente atrapalhando o andamento de uma situação
  83. Pôr os pontos nos “is”: esclarecer uma situação detalhadamente
  84. Preso por ter cão e preso por não ter: implica-se por fazer ou por não fazer alguma coisa
  85. Procurar sarna para se coçar: envolver-se em problemas sem necessidade
  86. Prometer mundos e fundos: fazer promessas exageradas
  87. Quem anda à chuva, molha-se: as acções têm consequências e é necessário lidar com elas.
  88. Rebeubéu pardais ao ninho: grande alvoroço sem resultado
  89. Résvés Campo de Ourique
  90. Riscar do mapa: fazer desaparecer
  91. Salvo pelo gongo
  92. Sem pés nem cabeça: sem lógica ou sem sentido
  93. Sem dizer água vai
  94. Subir pelas paredes: desesperar-se
  95. Tempestade em copo d’água: dar importância muito grande a uma coisa muito pequena, transformar uma banalidade em tragédia
  96. Ter uma panca: ter alguma fixação por alguma coisa, alguma mania, comportamento estranho (por vezes no bom sentido)
  97. Tirar o cavalinho da chuva
  98. Torcer o nariz; não se concorda com uma ideia ou já se sabe à partida que não se estará muito aberto a ela.
  99. Trivial, croquetes: o costume, o habitual
  100. Trocar alhos por bugalhos: confundir fatos
  101. Trocar seis por meia dúzia: trocar uma coisa por outra que não vai fazer a menor diferença
  102. Um balde de água fria: situação inesperada que transforma entusiasmo em desilusão
  103. Virar a casaca: mudar de ideia facilmente
  104. Virar o bico ao prego: dar o dito pelo não dito, para inverter uma situação
  105. Voltar à vaca fria: retornar a um assunto inicial da discussão depois de uma divagação.

“muitos anos a virar frangos”

não é propriamente uma expressão polida mas é  utilizada em tom de brincadeira para salientar que se é muito bom numa determinada atividade por se ter muita experiência, por se fazer há muito tempo.

A expressão terá nascido após um comentário a algum assador de frangos, cujos frangos eram sempre bem assados. Apesar de parecer uma coisa rotineira, os anos de experiência permitem aperfeiçoar a técnica quer os frangos sejam maiores ou menores, o carvão melhor ou pior. A expressão passou para o contexto geral. Normalmente porque se fez algo que a maioria menos experiente não conseguiu. Também se utiliza como auto-elogio, quando se detectou alguma coisa que passaria despercebida ou seria enganadora.

“Maria vai com as outras”

refere-se a alguém sem vontade própria, que segue o comando dos outros, que se deixa convencer com facilidade.

A expressão popular teria surgido a partir de uma associação com a figura de Dona Maria I,  rainha de Portugal, mãe de D. João VI, popularmente conhecida como “A Louca”. Por ter problemas mentais, foi declarada incapaz de governar e afastada do trono. A corte estava no Brasil e D. Maria I passou a viver reclusa, só sendo vista quando saia para caminhar, com as damas de companhia.  Passeavam nas margens do rio Carioca, no antigo bairro de Águas Férreas. Quando o povo via a rainha levada pelas damas nesse cortejo, costumava comentar: “Lá vai D. Maria com as outras”. Assim, passou a ser comum usar o Maria vai com as outras, para se referir a alguém que não tem a iniciativa de tomar a liderança ou ter vontade própria, que se deixa convencer com a maior facilidade.

“sem dizer água vai”

sem dizer água vai significa fazer algo de repente, de supetão, sem aviso.

Em Lisboa, no século XVII, havia um rego no meio da rua, para onde se atirava, da janela, os dejetos da noite. As criadas, antes de atirar o conteúdo do balde, gritavam «água-vai» para avisar. Por analogia, passou a significar ir embora sem dizer nada a ninguém.

«Chega a umas termas, senta-se, volta-se para o vizinho da direita e, sem dizer água-vai, conta-lhe a vida» (Diário, Vols. I a IV, Miguel Torga. Alfragide: Publicações Dom Quixote, 2009, p. 63).

“ir aos arames”

“Ir aos arames”significa enfurecer-se, zangar-se, melindrar-se.

Origem da expressão: utilizada pelos militares portugueses na primeira guerra mundial.
Entre as trincheiras era colocado arame farpado para impedir a circulação dos inimigos. Como essa barreira em arame se ia deteriorando, de vez em quando era necessário alguém “ir aos arames” para os reparar, uma missão muito perigosa porque quem fosse ficava exposto ao fogo inimigo.Os militares nomeados ficavam muito aborrecidos com essa missão.

“cair o Carmo e a Trindade”

expressão utilizada para referir um acontecimento com  carga negativa ou algo que se pensa ter grandes proporções, factos que provocam surpresa ou confusão ou que podem acarretar consequências graves.

Em 1755 Lisboa era coroada por dois grandes edifícios de cariz religioso: o Convento da Trindade e o Convento do Carmo.  O primeiro pertencia a Ordem dos Trinitários, tinha sido construído em meados do séc. XIV, no lugar de uma antiga ermida e era o mais antigo convento de Lisboa; o segundo foi fundado pelo Santo Condestável (D. Nuno Álvares Pereira) no final do séc. XIV em cumprimento de um voto, e entregue à Ordem do Carmo da qual o próprio Condestável passou a fazer parte. Quando o terramoto atingiu a cidade de Lisboa, a 1 de Novembro de 1755,  logo pela manhã, os dois conventos estavam cheios de fiéis que assistiam à missa do Dia de Finados. E os dois ruíram; tal como centenas de outros edifícios: igrejas, palácios, nomeadamente o próprio palácio real, o Paço da Ribeira. (ver aqui)

“salvo pelo gongo”

a expressão costuma ser utilizada quando alguém é resgatado de uma situação difícil por uma providencial interferência externa; ou seja, uma situação negativa iminente é evitada por uma intervenção inesperada de  terceiro.

Tudo indica que a expressão “salvo pelo gongo” tem origem nas lutas de boxe. Um pugilista em desvantagem no combate pode ser salvo pelo fim do assalto ou round.O correspondente «saved by the bell», que parece ter sido usado pela primeira vez num jornal de Massachusetts, The Fitchburg Daily Sentinel, em fevereiro de 1893:  “Martin Flaherty defeated Bobby Burns in 32 rounds by a complete knockout. Half a dozen times Flaherty was saved by the bell in the earlier rounds.”

Há uma história (desacreditada) que seria uma expressão associada a um mecanismo de amarrar uma corda ao braço do defunto e ligá-la a um sino fora do túmulo, para o caso de ter sido enterrado por engano (em situações de cataplesia).

“jurar a pés juntos”

 a expressão é usada para indicar que as palavras de alguém são verídicas, que a pessoa está a dizer a verdade, sem qualquer possibilidade de dúvida.

Remonta à Idade Média e à Inquisição.  Para se apurar a “verdade”, se é que de verdade se pode falar nestes casos, os inquisidores recorriam à tortura. Estas torturas tornaram-se famosas e, entre elas, havia uma que consistia em amarrar o acusado pelos pés e pendurá-lo de cabeça para baixo.  O acusado jurava a “pés juntos” que tudo o que dizia era verdade. Por analogia, as pessoas passaram a afirmar que juravam a pés juntos, tal como aqueles acusados.

“ficar a ver navios”

significa «algo que não vem», «não conseguir o que se deseja», «sofrer uma deceção» , «não obter o que desejava», «ser ludibriado», «enganado».

«Antenor Nascentes explica a origem da expressão ficar a ver navios, como alusão aos armadores portugueses que nos séculos das conquistas ficavam no alto de Santa Catarina, em Lisboa, esperando as caravelas que vinham das Índias, da África ou do Brasil. Indica ainda a hipótese de certo milionário portuense que, da Torre da Marca, viu afundarem-se todos os navios da sua frota, por mor de violento temporal. Esta segunda hipótese é menos provável do que a primeira, mas caso é que há ainda outra, não referida por Nascentes: a do sebastianismo. Quando os Franceses dominaram Portugal, diz-se que os homens a que poderei chamar da resistência iam para o alto de Santa Catarina, em Lisboa, a ver os navios que trouxessem o Desejado. E da vanidade da espera haverá nascido a expressão ficar a ver navios.» (CLP)

«Dizia-se que, após a morte de D. Sebastião, na batalha de Alcácer-Quibir (1578), muitos foram os que se recusaram a aceitar este triste fim. Tornou-se então comum os “sebastianistas” deslocarem-se ao Alto de Santa Catarina para ver chegar o navio com o regressado rei a entrar na barra de Lisboa. Daí que, na sua génese, a expressão completa fosse: “Estar a ver navios no Alto de Santa Catarina. Mas não nos parece impossível que haja outra origem para esta expressão. Não raro, os proprietários dos navios que se dedicavam ao comércio postavam-se no Alto de Santa Catarina para ver chegar os seus barcos. Há ainda outras explicações. Uma remete para a expulsão dos judeus de Portugal, em 1497. Segundo o édito de D. Manuel, os judeus que se não convertessem ao cristianismo teriam de abandonar o país. Contudo, devido ao facto de não haver navios para todos, cerca de vinte mil foram baptizados “à força” defronte do palácio dos Estaus, em Lisboa, onde mais tarde seria a sede da Inquisição, e onde hoje se ergue o Teatro Nacional D. Maria II. Segundo a voz do povo, aqueles infelizes ficaram “a ver navios”. Por fim, poderá esta expressão ter a sua origem aquando da primeira invasão francesa, em 1807. Quando as tropas de Junot entraram em Lisboa, a 30 de Novembro, não conseguiram capturar a família real, que horas antes embarcara para o Brasil. Os franceses teriam ficado apenas a “ver navios” saírem da barra do Tejo.» (fonte aqui)

“erro crasso”

‘O adjectivo crasso (do lat[im] crassu-, “grosso”) significa, em sentido figurado, «grosseiro»; quer dizer ainda «grosso; espesso; cerrado; denso; opaco». Este termo, porém, é mais conhecido pelo seu uso nas expressões correntes «erro crasso», que significa «erro grosseiro», e «ignorância crassa» («suma ignorância»). (CLP)

Em 59 a.C, o poder em Roma foi dividido entre três figuras: Júlio César, Pompeu Magnus e Marco Licinius Crasso. Enquanto os dois primeiros eram notáveis generais, que ampliaram os domínios romanos, Crasso era mais conhecido pela sua riqueza do que pelo talento militar: César conquistou a Gália (França), Pompeu dominou a Hispânia (Península Ibérica) e Jerusalém, por exemplo. Crasso tinha, assim, uma ideia fixa: conquistar os Partos, um povo persa cujo império ocupava boa parte do Oriente Médio. À frente de sete legiões, ou 50 mil soldados, confiou na superioridade numérica de suas tropas. Abandonou as táticas militares romanas e simplesmente atacou – na ânsia de chegar ao inimigo, cortou caminho por um vale estreito, de pouca visibilidade. As saídas do vale, porém, estavam ocupadas pelos partos e o exército romano foi dizimado – quase todos os 50 mil morreram, incluindo Crasso. Desde então, sempre que alguém tem tudo para acertar mas comete um erro estúpido, dizemos tratar-se de um “erro crasso”.

“tirar o cavalinho da chuva”

“tirar o cavalo da chuva” ou “tirar o cavalinho da chuva”

significa «desistir de um intento», «abandonar pretensões»,  «perder as ilusões».

No século XIX, quando uma visita era breve, o cavalo era deixado ao relento em frente à casa do anfitrião; mas se fosse demorar, colocava o cavalo num local protegido da chuva e do sol. Contudo, o convidado só poderia pôr o animal protegido da chuva se o anfitrião dissesse: “pode tirar o cavalo da chuva”, ou seja, pode levar a montaria para um local abrigado, que ainda vai demorar. (CLP).

É muito usada em tom irónico. Aplica-se quando uma pessoa já está entusiasmada com uma ideia que tem e positiva em relação à resposta de uma terceira pessoa mas essa está completamente em desacordo.

“résvés Campo de Ourique”

A expressão significa «por pouco, por um triz, à justa».

Para alguns autores, a origem remonta ao traçado urbano da cidade de Lisboa oitocentista, em que a estrada da circunvalação, que traçava os limites da cidade, atravessava o bairro de Campo de Ourique, pela Rua Maria Pia, ou seja, ficava «à justa» de Lisboa.

Uma outra explicação desta expressão relaciona-a com o terramoto de Lisboa e a enorme tsunami que terá chegado perto da zona de Campo de Ourique e que escapou por um triz  (ver aqui)  – “a água chegou rés-vés a Campo de Ourique”, que foi o que de facto aconteceu na manhã do primeiro de Novembro de 1755.

“no tempo da Maria Cachucha”

“No tempo da Maria Cachucha”

“No tempo da outra Senhora”

Coisas que são muito antigas, tão antigas que já não se pode precisar exactamente quando foram feitas ou sucederam. Outra expressão semelhante que também se pode utilizar é “Mais velho que a Sé de Braga” (o início da sua construção data do século XI).

“A cachucha era uma dança sapateada espanhola de compasso ternário. Por extensão o mesmo nome era dado à música que acompanhava essa dança. Originária de Cuba mas relacionada com o fandango, era dançada principalmente na região da Andaluzia. Era normalmente dançada a solo por uma mulher, acompanhada de castanholas. Começava num movimento lento, que ia acelerando, até terminar num vivo volteio.

Esta dança teve alguma popularidade em França, divulgada pela dançarina Fanny Elssler, que a dançou na Ópera de Paris. Em Portugal foi popular a cantiga Maria Cachucha no séc. XIX, uma adaptação da cachucha espanhola. Daqui a expressão “do tempo da Maria Cachucha” usada com o significado de muito antigo. A cachucha foi também popular no Brasil na mesma época.” (CLP)

Maria Cachucha é também o nome (alcunha) de uma mulher que habitou em Torres Vedras. Maria Purificação da Silva (1900-1960) popularmente conhecida por Maria Cachucha, trabalhava no Matadouro Municipal e causava admiração a forma como ela desempenhava tal profissão. Nessa época a única em Portugal que matava bois, com uma destreza impressionante.

“meter o Rossio na rua da Betesga”

Esta é uma expressão tipicamente lisboeta. A Betesga é tida como a rua mais pequena da cidade (com cerca de 35 metros, uma quadra entre a Rua Augusta e a Rua dos Correeiros, ligando o Rossio e a Praça da Figueira). A expressão utiliza-se quando se quer dizer que um sítio é muito pequeno para o número de objectos ou pessoas que se quer pôr lá dentro ou referindo uma tarefa de difícil concretização, acima das capacidades ou limites. Tipo «missão impossível».

Betesga é «Rua estreita», «beco sem saída», atesta o dicionário online Priberam. O edital que lhe configurou tão pequena extensão – com início na Praça da Figueira e término na Praça D. Pedro IV (mais conhecida como Rossio) – data de 1950 e só veio perpetuar a reputação que já granjeava desde o século XVI, quando se escrevia «Betesgua».

Tem expressão semelhante em Braga, “meter a Sé dentro da Misericórdia” e em Fátima, “meter o santuário na capelinha” das Aparições.

Expressões idiomáticas

Expressões idiomáticas são recursos da fala e da escrita, de uso comum, manifestações espontâneas da criatividade, do humor e da beleza de qualquer língua.

‘Podemos definir expressão idiomática como uma locução ou modo de dizer privativo de uma determinada língua e que não é possível traduzir literalmente em outras línguas. Também é denominada idiotismo, palavra de origem grega e que passou para o latim como idiotismu – e deste para as línguas neolatinas.

As expressões idiomáticas não têm uma utilidade específica, mas criam imagens que captam a emoção e a sensibilidade dos falantes, podendo ainda facilitar a memorização.

(Ciberdúvidas da Língua Portuguesa)

Vamos começar uma série de posts a propósito das expressões idiomáticas…