Uma tríade dinâmica: filmes, ética e bioética

Um dos modos interessantes de debater perspetivas éticas e questões bioéticas na sociedade pode passar por escolher alguns filmes ou excertos de filmes. Eventualmente, uma metodologia menos ortodoxa mas potencialmente eficaz. Porque um filme que conta uma história, apresenta um caso. E a discussão de casos é uma metodologia relevante  no que se refere à bioética e ao debate ético.

Há uns anos que utilizo excertos de alguns filmes, que considero com elevado potencial de despertar o interesse, o debate a partilha. E confesso.me reincidente no uso de “De quem é a vida afinal?” (1981), no que é um fortíssimo monólogo quanto a recusa de tratamento.

Two Thumbs up! Bioethcis goes t the movie

Captura de ecrã 2013-01-30, às 14.11.11

Memórias

A memória é o género que se atreve a dizer o seu próprio nome.
A biografia diz-nos: “és o que foste”.
O romance diz-nos: “és o que imaginas”.
A confissão diz-nos: “és o que fizeste”.
Mas a biografia, confissão ou romance requerem memória, pois a memória, diz Shakespeare, é a guardiã da mente.
Uma guardiã, diria eu, que radica no presente para olhar com uma face o passado e com a outra o futuro.
A busca do tempo perdido também é, fatalmente, a busca do tempo desejado.
…Aos que um dia dirão: “foste isto”, “fizeste isto”, ou “imaginaste isto”, adianta-te e diz simplesmente: sou …, serei…, imaginei…
E por isso recordo isto…

 Carlos Fuentes
Gabo: Memórias da Memória, D. Quixote: Lisboa 2003.

enquadramentos éticos

An ethical framework for integrating palliative care principles into the management of advanced chronic or terminal conditions

Australia, 2011

Sem Título1

Taking care. Ethical Caregiving in Our Aging Society

The President’s Council on Bioethics
Sem Título2

CARING FOR PEOPLE ON CHRONIC CONDITIONS

A health system perspective. OMS, 2008

OMS 2008

Literacia em saúde

Sem Título3

“Literacia em saúde como condição essencial para a transformabilidade e sustentabilidade dos sistemas de saúde.
O envolvimento dos cidadãos nos processos de tomada de decisão, no sector da saúde, contribui para a construção de uma democracia mais participativa e para tornar os profissionais de saúde e as próprias entidades de governação mais sensíveis aos interesses, necessidades e espectativas dos cidadãos.
A OMS recomenda que as reformas neste sector sejam centradas nas necessidades e expectativas das pessoas, fazendo com que os pontos de vista e as escolhas (“voice and choice”) dos cidadãos influenciem decisivamente a forma como os serviços de saúde são desenhados, se organizam e operam (OMS, 2002).
Em Portugal, para que esta democratização da saúde possa emergir, são necessárias algumas iniciativas exigentes: (i) ao nível do sistema, que se torne mais aberto e transparente, mais conhecedor e próximo das necessidades e espectativas das pessoas; (ii) ao nível dos profissionais de saúde, a responsabilidade na transmissão de conhecimento e parceria nas decisões são de importância crítica; e (iii) ao nível dos cidadãos, que necessitam de adotar uma atitude mais interventiva e interessada naquilo que diz respeito à sua saúde e à saúde da comunidade.
A promoção de melhores níveis de literacia em saúde das pessoas em Portugal assume-se como estratégia incontornável para uma melhor saúde e para uma utilização mais racional dos cuidados de saúde, especialmente em tempo de crise.”

Relatório da Primavera 2012, Observatório Portugues dos Sistemas de Saúde. p.56

 

Pensamento do dia

Henri Venter

De tudo ficaram três coisas: a certeza de que estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo; fazer da queda um passo de dança; do medo, uma escada; do sonho, uma ponte; da procura, um encontro.

Fernando Sabino

Espaço (d)e tempo

São mais do que grandezas com características distintas. Ainda assim, o tempo é uma das dimensões do espaço (veja-se a teoria da relatividade) e um certo tempo corresponde a um certo espaço percorrido, num universo em movimento.

Kant diria que  são formas  fundamentais da percepção, que utilizamos na experiência e que nos permitem conhecer. Se quiser ser mais precisa, o espaço e o tempo são condições de possibilidade das nossas experiências.

Portanto, não obstante Kant as considerar categorias do entendimento, usamos uma e outra e, mais, uma para medir a outra. E vice-versa. Espaço de tempo. Tempo narrativo. Espaço musical.

Já Bergson consideraria que o tempo se confunde com a própria continuidade da nossa vida interior e as transições pelas quais passamos, o que implica na própria duração humana. Unimos os instantes do «antes» a perdurarem num  «depois» através da nossa consciência. O tempo real é vivido e inscrito num espaço e ambos implicam a nossa consciência.

Da minha parte,  as evocações sobre o tempo recriam-se num pensar sobre a vida e a nossa singular duração.O que se conexa com a história, mas também com a biografia.

Com Kafka, o ontem já não é e o amanhã ainda não é. Por isso, o tempo é o do hoje, intervalo nunc stans, intemporal.