37 anos depois

Centro de Documentação 25 de Abril – Universidade de Coimbra

A Cronologia é importante, ainda que não baste, por si só.

A data é muito mais do que um marco histórico… ou não teremos hoje consciência do significado?!  A liberdade é tida como condição de alguém que está isento de constrangimento – da perspectiva política, a liberdade torna-se possibilidade de um cidadão agir segundo a sua determinação, nos limites da lei . E se a  liberdade de pensamento não precisa de ser protegida, a de expressão, de opinião, de consciência, precisam – porque se realizam no exterior de nós, se concretizam no mundo.

# 1 – Mnemónicas

Uma mnemónica é, basicamente, um auxiliar de memória – frases utilizadas para memorizar listas ou fórmulas, técnicas ou dispositivos que permitem aumentar a capacidade de armazenamento ou evocação do material na memória, particularmente relevantes para associações dificeís que é preciso mesmo memorizar.

Da mesma raíz de Mnemósine (a deusa grega da Memória), a mnemónicaajuda a memorizar e, portanto, a permanecer. Um destes dias, em conversa, descobrimos que recordávamos mnemónicas aprendidas há mais de trinta anos, o que, em si mesmo, revela a durabilidade de uma memorização auxiliada.

Ao caso, era a sequência das fases da mitose:

Perto da Meta, a Ana Telefona – Profase – Metafase – Anafase e Telofase.

ou, em versão curta, PMAT.

Resolvo que este é um tópico eventualmente interessante, especialmente se quem por aqui passa, quiser partilhar mnemónicas de que se lembre….

De Filosofia da Ciência: Revista Kairos

O número 1 da Kairos saíu em Novembro/Dezembro de 2010.

Kairos: coincidência da acção humana e do tempo que faz com que o tempo seja propício e a acção boa…

Aristóteles identifica-o como o ponto médio entre dois extremos do tempo humano: o demasiado cedo e o demasiado tarde. O equilíbrio instável, e ponto de tensão, entre os dois é o Kairos.

Aguardo o nº2, prometido para Abril de 2011….

De epistemologia: Thomas Kuhn

Foi considerado pelo New York Times como um dos 100 livros mais influentes do século: A Estrutura das Revoluções Científicas de Thomas Kuhn. A primeira publicação data de 1962 e constitui um marco incontornável na história e filosofia da ciência.

Costumo afirmar que deve ser possível, para cada autor, reter um conjunto de ideas-chave que o caracteriza.

Quanto a Kuhn, nem há como hesitar: a ideia de paradigma, de ciência normal (e extraordinária) e revolução científica. O paradigma representa um conjunto de teorias, regras e métodos (ou dispositivos metodológicos)  comummente aceites pela comunidade científica. Cada paradigma tem subjacente uma dada visão do mundo, correspondendo a mudança de paradigma a uma alteração radical dessa visão. A ciência normal traduz a vigência de um paradigma. A ciência decorre da procura de reoslução de enigmas, que têm duas características: ser passíveis de ser resolvidos e utilizando as regras e o dispositivo instrumental do paradigma. Quando tal não acontece,  podem surgir anomalias, que se revelam quando os esquemas explicativos dominantes já não se adequam à realidade. Surge, então, uma nova fase que se materializa numa revolução científica. Um dos traços do paradigma é a sua incomensurabilidade, ou seja, a não co-exist~encia de dois paradigmas: mesmo que o paradigma esteja em crise, mantem-se até que outro se torne dominante, não podendo existir um período sem paradigma vigente, senão não existiria ciência. Finalmente, para uma leitura mais tardia, Kuhn trocaria a expressão paradigma por matriz disciplinar… mas isso, é outra história.

Se tiver pouco tempo, passe pelo artigo de Manuel Maria Carrilho,  que proporciona uma espécie de entrada ou de síntese dos aspectos centrais da teoria e das argumentações relativas – “Kuhn e as revoluções científicas“.

Pensamento do dia

Poverty is not just a material problem. Poverty is something wider: it is about powerlessness, about being deprived of basic opportunities and freedom of choice.

— Johan Norberg

 

A pobreza não é somente um problema material. A pobreza é algo mais amplo: é sobre a impotência, sobre ser privado de oportunidades básicas e liberdade de escolha.

Leituras: “O filósofo e o lobo”

“No Dia em que Mark Rowlands comprou um lobo, começou a estranha amizade entre um professor de filosofia e o seu imponente lobo de 70 quilos.
Iam juntos para todo o lado: aos jogos de râguebi, às festas da universidade, e até às aulas – onde Brenin ocasionalmente uivava, ao ouvir dissertações chatas sobre filósofos herméticos.
O Filósofo e o Lobo é a história real de uma amizade de doze anos entre um homem e um lobo. É um ensaio sobre o que nos separa (e aproxima) dos animais, é um tratado sobre a lealdade, o companheirismo e o amor – alicerçado nas ideias de pensadores como Nietzsche ou Albert Camus. Mas é também, acima de tudo, uma narrativa comovedora, pungente, sobre o que significa ser-se humano – e sobre o que podemos aprender com os lobos.”

Se pensa que é um livro tipo “Marley e Eu”, desiluda-se. Não é uma história de leveza, mas de uma forma filosófica de viver e estar na vida… com Brenin.

“Quando falo na sombra do lobo, não me refiro à sombra que o próprio lobo faz, mas às sombras que fazemos a partir da luz do lobo. E observarmo-nos a partir destas sombras é precisamente aquilo que não queremos saber sobre nós.”

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“O que eles não sabem fazer é mentir. E é por essa razão que eles não tem lugar na sociedade civilizada. Um lobo não consegue mentir, e um cão também não. É por isso que pensamos que somos melhores do que eles.”

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“(…) A incapacidade elimina a culpa. E nós não somos, penso eu, tão facilmente ilibáveis. A omissão de cumprir o dever, quer moral, quer epistémico, uma omissão baseada na falta de vontade e não na incapacidade, subvenciona a maior parte da maldade que existe no mundo. Há, no entanto, um outro ingrediente na maldade, sem o qual nem mesmo a omissão tem qualquer importância: a impotência da vítima.”

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“Imaginem que alguém vos perguntava: com quem querem passar a eternidade? Por acaso, devia ser essa a pergunta nos lábios das Testemunhas de Jeová que cometeram o erro de bater à minha porta (…) a pergunta “Com quem queres passar a eternidade?” é por nós encarada com uma pergunta religiosa. (…) Do que ás vezes nos esquecemos é da única pessoa que não poderemos evitar nessa eternidade: nós próprios. A pergunta que a religião nos oferece é então: tens a certeza de que és uma pessoa com quem gostarias de passar a eternidade?”

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Claramente, vale a pena ler 🙂