Lugar e lugaridades

A palavra «lugaridade» alude, na raíz, ao conceito de Edward Relph (Place and placeness, 1976), na leitura antropológica de Marc Augé (Não lugares, 1995) de lugares e não-lugares.

Lugar é o espaço vivido, do quotidiano, que carrega consigo a afetividade e a memória, espaço antropológico, que apresenta características identitárias, relacionais e históricas.

Se pensarmos bem, todos temos os nossos «lugares», em certos espaços, do doméstico ao profissional, desenvolvemos hábitos de ocupação e materialização do nosso lugar. Uma visível aproximação da geografia humana, fenomenologia, antropologia.

“O conceito de lugar, considerado por muito tempo como um dos mais problemáticos da Geografia, tem se destacado, recentemente, como uma das chaves para a compreensão das tensões do mundo contemporâneo. Articulando, entre outras, as questões relativas a globalização versus individualismo, às visões de tendência marxista versus fenomenológica ou à homogeneização do ambiente versus sua capacidade de singularização, o lugar tem se apresentado como um conceito capaz de ampliar as possibilidades de entendimento de um mundo que se fragmenta e se unifica em velocidades cada vez maiores”.
Luiz Felipe Ferreira

«Ocorre que “espaço” é um termo genérico e abstrato, ligado à geometria euclidiana e à física newtoniana. Isso não impede que seja considerado por muitos, inclusive geógrafos, como o objeto central da Geografia. (…) Se o espaço geográfico nasce de uma relação existencial do homem com a Terra, afirmo, com base em um aporte fenomenológico, que ele tem como essência a “geograficidade”, que expressa a razão de ser do homem no planeta Terra, ou seja, delimita e determina a sua possibilidade de existir como ser-no-mundo.(…) A geograficidade, que expressa a materialidade do espaço geográfico, é compartilhada em nossas vivências cotidianas com a lugaridade que, por sua vez,

expressa exatamente essa relação dialógica dos seres em movimento com lugares e
caminhos que, como pausa, como convivência íntima, arrumam e delimitam os
espaços.»

Ler O lugar geneticamente modificado, Lineu Castello

“O lugar não é mais o mesmo que sempre foi. Ou mais, os lugares não são mais os mesmos que foram outrora. Um mesmo espaço pode mudar ao longo da história. Os espaços ocupados podem ser os mesmos, mas é certo que todas as mudanças nele promovidas são acompanhadas por uma resignificação dos sentidos que lhe são atribuídos. São os mesmos espaços, mas diferentes lugares. Podemos dizer preliminarmente que um espaço pode conter diferentes lugares. Para além de um mero
espaço geográfico, o que um lugar representa depende dos significados que lhe são
atribuídos.”
Alan Mocellim, Lugares, Não-Lugares, Lugares Virtuais

As aventuras de uma batata doce [ I ]

Era uma vez uma batata doce, nem grande, nem pesada, uma espécie de amostra de batata doce… no dia 7 de julho foi colocada a boiar dentro de água, em analogia a um icebergue…

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Três dias depois, tinha algumas «raízes» a despontarem e a enlearem-se dentro de água

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Três dias depois (ou seja, seis dias depois), folhinhas e uma proliferação de raízes

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Hoje, dia 20 de julho, brada de verde…

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e mais, iremos ver….