Poesia, sempre…

“Pode escrever-se um poema quando as águas

Irrompem no caderno e as montanhas se abrem

E do outro lado subitamente aparece

O país que não há – esse país

Onde as palavras têm a cor da terra e os pássaros

São versos que não sabem onde poisar.

Pode escrever-se um poema quando um rio

subverte as suas margens e os pica-peixes

cantam por dentro dos parágrafos. Então

pode surgir um oráclo proclamando

que só um (talvez Sócrates) «sabia

que não sabia» e por isso nada escreveu. Por

isso e porque (segundo Platão) achava

que o discurso escrito uma vez interrogado

só com silêncio respondia. Pode

escrever-se um poema quando um rito

começa além e aquém do nunca escrito

aquém e além do que Socrates sabia

e não sabia. Pode escrever-se um poema quando

um vento se levanta e um sopro traz

o nome onde começa a poesia”

Manuel Alegre

Sete Partidas

Pensamento do dia

Terra e mar

Tenho relações ou tenho ralações? Sim, não é para brincar com a palavra, é para examinar a qualidade das nossas relações. Se são humanas e construtivas, podem trazer sofrimento e cuidado, mas fazem crescer. Mas se as nossas relações são egoístas e enganadoras, então não só trazem ralações, como são elas próprias ralações, destruições mútuas e transmissíveis. Nós somos o que forem as nossas relações.

Vasco Pinto de Magalhães, “Não Há Soluções, Há Caminhos”

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