“Trade Stories”, Plataforma de compra e venda de livros usados

Fui lá dar quase por acaso. E pareceu-me interessante. E até estranhei nem ter sabido antes.

Além da plataforma (link aqui) também tem um Blog.

A plataforma pode ser especialmente útil para livros esgotados nas editoras.

“O objetivo principal da plataforma é ajudar a criar uma base de dados devidamente catalogada dos livros usados que existem para venda em Portugal.”

Para comprar ou vender um livro tem de se registar no site, aqui.

trazido da vizinhança

“O uso de perfumes é uma gentileza dos outros para connosco que raramente agradecemos. Talvez por isso a perda do olfacto com a covid pareceu a tantos tão incómoda, a par do silêncio súbito nas ruas vazias de povo obediente. É mais ou menos consensual o que é uma fragância aprazível (mesmo sem sabermos o preço), e temos muitas palavras para descrever os cheiros de que gostamos ou que nos desagradam. Entre as plantas, contudo, o odor é a mensagem. E essa comunicação, essencial à sua sobrevivência, não é feita para agradar aos nossos narizes. Tem como função repelir predadores ou seduzir polinizadores, na esperança de que que essa informação volátil fique nas respectivas memórias. O que interessa à planta é que o aroma exalado pelas suas folhas, ou flores, a sinalize, e sirva como aviso ou chamamento. Os aromas mais doces costumam atrair abelhas e borboletas, que precisam de néctar, formigas e outros bicharocos esfomeados; os aromas salgados parecem ser especialmente apreciados por moscas, que por vezes procuram apenas um abrigo seguro e saudável para as suas crias.”

texto e imagem de Dias com árvores

“Si non è vero, è molto ben trovato.”

Do Blog da Fundação, texto de António Araújo

“Em 2016, nas páginas do The New York Times, foi aventada a surpreendente hipótese de a representação mais remota de Maria ser um fragmento vindo de uma igreja de Deir ez-Zor, no leste da Síria, do século III, hoje conservado na Yale University Art Gallery. Pensava-se que a pintura ilustraria o encontro entre Cristo e a samaritana arrependida, relatado no Evangelho de João (Jo 4, 4-30), mas, como representações dessa cena colocam tradicionalmente as duas personagens em diálogo, o que aqui não sucede, reputados especialistas levantaram a suposição de que se poderia tratar da Virgem Maria ou, mais precisamente, de uma imagem da Anunciação, tal como descrita no apócrifo de Tiago (XI-1-3):

E Maria pegou numa bilha e saiu para tirar água. E eis que uma voz lhe diz: «Salve, favorecida! O Senhor está contigo! És bendita entre as mulheres.» E Maria olhou para a direita e para a esquerda, para ver donde vinha esta voz. E, tendo ficado receosa, entrou na casa dela e pousou a bilha; e, pegando na púrpura, sentou-se na cadeira dela e puxou-a. E eis que um anjo do Senhor estava diante dela, dizendo: «Não temas, Maria. Pois encontraste graça diante do Amo de todos. Conceberás a partir do Verbo d’Ele.»

(na tradução de Frederico Lourenço: Evangelhos Apócrifos Gregos e Latinos, Lisboa, Quetzal Editores, 2022).

A ideia de que a Virgem se fez grávida a partir da Palavra de Deus levou alguns padres da Igreja a afirmarem que Maria terá concebido através do ouvido, por uma obediente audição de um mandamento celeste, daí derivando, segundo se diz, a expressão popular «emprenhar pelos ouvidos». Si non è vero, è molto ben trovato. »

texto e imagem aqui

OMGMO

Philosophy of Science and Ethics of Biotechnology

Uma interessante série de podcast e alguns artigos.

Where do scientific ideas come from? When asked this question, most people imagine Newton sitting under a tree, only to have an apple fall on top of his head, shortly after figuring out the law of gravity.

Is this how most ideas come to be in science? The answer to this question is the topic of an area of philosophy of science that researches what is called ‘the context of discovery’. 

The context of discovery refers to all the different ways in which new ideas come into science. Sometimes it is a mere happenstance, such as Fleming forgetting to eat his Sandwich. Other times it is a more complex psychological product, such as Einstein having a vivid imagination. And others it is due to following a very rigorous methodology.

In the early 20th century, philosophers of science had little to say about the context of discovery. The way in which ideas arrived was considered irrelevant. After all, it is the idea that matters, not how it came to be. If Einstein has a certain idea about gravity, however he came to this conclusion is irrelevant, all that matters is whether we can test this idea, and if so, incorporate it into our theories. This is called the context of justification, and it refers to how we test our ideas (e.g. by conducting an experiment)

This contrasts with the beginning of the scientific revolution, when these two realms were intertwined. The scientific method was not so much a way to validate ideas, it was more of a methodology that when followed would lead to scientific knowledge. Imagine Bacon making big lists of all the things he saw about some object and then trying to find patterns in the tables he wrote out.

An important point here is that the view of science was quite different. The early modern period saw science as a way to find certain regularities in nature. Under this view, the method should be concerned with getting many empirical observations and finding regularities. After the 18th century, the view of what science ought to do changes. It is no longer concerned with finding regularities, but rather, with understanding the deep fundamental structure of the world.”

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Para pensar…

Porque é que tenho mesmo um blog? - Marta - O meu canto

Dei uns passeios pelas redondezas dos blogues, que há muito não fazia, e trouxe alguns excertos:

Escusado será dizer que aquilo que faz de um país um país decente não é a quantidade de cidadãos seus que vivem de tráfico de favores, influências e beija-mãos, mas a quantidade de mulheres e homens livres que lutam por princípios sem depender ou esperar o favor do ou dos príncipes.

em O silêncio cúmplice dos não-inocentes, na Domadora de Camaleões.

Se há uma coisa que deveríamos ter aprendido com a última década é que fatores objetivos robustos não resultam automaticamente em movimentos sociais vigorosos, e menos ainda na descoberta espontânea da “linha correta” pelas massas. Não é difícil imaginar que haverá explosões sociais nos próximos anos, mas não há nenhum motivo para crer que elas assumirão formas facilmente reconhecíveis pela esquerda – ou que não acabarão sendo instrumentalizadas pela extrema direita.

Rodrigo Nunes, O presente de uma ilusão (aqui). citado nos Ladrões de Bicicletas

Hoje no trabalho, um colega inglês perguntou o que é que eu achava de os ingleses terem retirado Portugal da “lista verde”. Respondi que achava bem. Não sabemos como as coisas se irão desenrolar no Outono, logo é necessário exercer cautela. O que acho mal é a falta de orientação dos governos, que deixaram as pessoas gastar dinheiro e depois tiram-lhes o tapete debaixo dos pés. 
Quem achava que limitar o comércio internacional ia criar emprego e crescimento tem agora um excelente caso para estudar. É desta que a Economia consegue dados para ser uma ciência a sério…

na Destreza das Dúvidas

e somam 16…

Dá-se conta da passagem do tempo quando se assinala. Portanto, assinalemos.

Nos idos de 1 de Janeiro de 2005, o Conversamos?!… passou de página do Sapo (onde nasceu em 2001) a blog, esteve uns anos no Blogspot e daí foi importado para o WordPress. Contas feitas, 16 anos.

Conversamos?!… tem as marcas do tempo e das ideias expostas, até porque, como disse um dia um dileto vizinho da blogoesfera, o próprio blog ajuda o autor a perceber o tempo e o que nele se foi mudando. E o que foi sendo vivido ou apreciado. Evidencia gostos, eventos, temas recorrentes, bibliofilias e fixação em alguns autores, as ditas tendências valorativas. A mim, serve-me de qualquer coisa entre moleskine, notas de rodapé, caderno de anotações e caixa de arquivo para recortes. Continuemos…

E somam 15…

Dá-se conta da passagem do tempo quando se assinala. Portanto, assinalemos.

Nos idos de 1 de Janeiro de 2005, o Conversamos?!… passou de página do Sapo (onde nasceu em 2001) a blog, esteve uns anos no Blogspot e daí foi importado para o WordPress. Contas feitas, 15 anos.

Conversamos?!… tem as marcas do tempo e das ideias expostas, até porque, como disse um dia um dilecto vizinho da blogoesfera, o próprio blog ajuda o autor a perceber o que foi mudando no tempo. E o que foi sendo vivido ou apreciado. Evidencia gostos, temas recorrentes, bibliofilias e fixação em alguns autores, as ditas tendências valorativas. A mim, serve-me de qualquer coisa entre moleskine, notas de rodapé, caderno de anotações e caixa de arquivo para recortes. Continuemos a rolar…

O primeiro post, a seguir ao de «início», foi a transcrição do Decálogo Liberal, de Bertrannd Russel. Que aqui, de novo, se repete.

The Ten Commandments that, as a teacher, I should wish to promulgate, might be set forth as follows

1. Do not feel absolutely certain of anything. 

2. Do not think it worth while to proceed by concealing evidence, for the evidence is sure to come to light.

3. Never try to discourage thinking for you are sure to succeed.

4. When you meet with opposition, even if it should be from your husband or your children, endeavor to overcome it by argument and not by authority, for a victory dependent upon authority is unreal and illusory. 

5. Have no respect for the authority of others, for there are always contrary authorities to be found.

6. Do not use power to suppress opinions you think pernicious, for if you do the opinions will suppress you.

7. Do not fear to be eccentric in opinion, for every opinion now accepted was once eccentric.

8. Find more pleasure in intelligent dissent that in passive agreement, for, if you value intelligence as you should, the former implies a deeper agreement than the latter.

9. Be scrupulously truthful, even if the truth is inconvenient, for it is more inconvenient when you try to conceal it.

10. Do not feel envious of the happiness of those who live in a fool’s paradise, for only a fool will think that it is happiness.”

“A Liberal Decalogue”, The Autobiography of Bertrand Russell, Vol. 3: 1944-1969, pp. 71-2.

pela blogoesfera

em passeio (pela blogoesfera) cruzei-me com «Resistir ao poder da ignorância», no A Terceira Noite, que recomendo (ou desafio) a ler.

só um aperitivo:

A terrível frase «Muera la inteligencia! Viva la muerte!» terá sido pronunciada na manhã de 12 de Outubro de 1936 no Salão Nobre da Universidade de Salamanca. Foi seu autor o general franquista José Millán-Astray e com ela pretendia afrontar o reitor Miguel de Unamuno após este ter feito um elogio da sabedoria e do diálogo. Existem versões um pouco diferentes do episódio, mas o que importa é que têm sido estas as palavras repetidas nos últimos oitenta anos para destacar o combate justo da razão e da democracia contra a força da ditadura e da ignorância. Na Alemanha, o nazismo nascera também da imposição do ódio e do obscurantismo sobre o diálogo e o conhecimento, queimando livros e conduzindo o mundo ao pesadelo da Segunda Grande Guerra e do Holocausto. Todos os fascismos tiveram, aliás, este denominador comum: o repúdio da razão e da sabedoria por troca com a força do instinto e as certezas fundadas em ideias muito básicas que dominaram o quarto de século chamado por Hannah Arendt de «tempos sombrios».“…

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claro que bastava a referência a Hannah Arendt para eu lá ir ver/ler….

[foto LN, painel na FCG]

14 anos…

A 1 de janeiro de 2005, o Conversamos?! começou – na génese, vinha dos Blogs do Sapo, onde realmente nasceu, em 2001.

Passou uns anos no Blogspot e foi daí importado para aqui, para o WordPress, ligado ao FaceBook em dezembro de 2010 e dele desligado em setembro de 2018.

Contas feitas, exatamente 14 anos. De arquivos, assim dizendo. De conversas, leituras, excertos, imagens, viagens, reflexões, preferências e factos.