Mês: Agosto 2012

bem perguntar

Embora haja «um elemento apriorístico em todo o trabalho científico, teremos sempre que formular as perguntas antes de podermos encontrar as respostas. As perguntas são formas de expressão do nosso interesse no mundo, são na sua própria base valorações». (Gunnar Myrdal, 1976)

É esta expressão de interesse que permite formular as questões de partida ou as perguntas de investigação. E se as perguntas expressam interesse, decorrem de valoração. Não há, propriamente, perguntas neutras ou pasteurizadas.

Também é verdade que a sua formulação é a etapa mais difícil da conceptualização… bem perguntar o que se quer saber, não é apenas uma arte na conversação interpessoal – é um imperativo da investigação.

aqui por perto: Cromeleque dos Almendres

Um círculo de pedra, com 95 monólitos…Um dos monumentos megalíticos mais importantes da Europa. Foi descoberto em 1964, mapeado, limpo os monólitos caídos foram recolocados. Dez dos monólitos têm decorações… relevos ou gravuras, orificios ou traços de desenho antigo. Um desafio ao olhar e dependente do jogo de luzes e sombras.

 

 

 

Epígrafe


Murmúrio de água na clepsidra gotejante, 
Lentas gotas de som no relógio da torre, 
Fio de areia na ampulheta vigilante, 
Leve sombra azulando a pedra do quadrante, 
Assim se escoa a hora, assim se vive e morre... 

Homem, que fazes tu? Para quê tanta lida, 
Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta ameaça? 
Procuremos somente a Beleza, que a vida 
É um punhado infantil de areia ressequida, 
Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa...

Eugénio de Castro

Pensamento do dia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“A palavra, como Lucien Febvre mostrou, só se desvencilhou muito lentamente do juízo de valor. Hoje conquistou sua liberdade. Admitimos que haja, se ouso dizer,civilizações de não-civilizados. Reconhecemos que em uma sociedade, seja qual for, tudo se liga e controla mutuamente: a estrutura política e social, a economia, as crenças, tantoas formas mais elementares como as mais sutis da mentalidade. Esse complexo tem uma tonalidade própria a cada vez. Ela é difícil de exprimir, sem dúvida. Evitemos rótulos muito simples.”

Bloch M. Apologia da história ou o ofício do historiador. p.75

(pintura: Samuel Bak, The Fruit of Knowledge)

“Are we at the crossroad in Higher Education?”

A pergunta é título de post, aqui.

A partir de um artigo que interpela The Death and Life of Higher Education e em que se afirma:

“We believe the most powerful solution will be a combination of concepts: (1) Superman and Heroes, (2) Google and Gaming, (3) Alcoholics Anonymous, and (4) the Boy Scouts.

Superman and Heroes: We have found that it is relatively easy to convince students that they are “heroes on a hero’s journey,” destined to change the world. Tapping into this deep human need and encouraging learners to find their most precious gifts—and use those gifts in a way that brings them joy and helps others—is providing powerful motivation to do the courageous work required for transformational learning.

Google and Gaming: The newest simulations and interactive technologies help students develop new skills, and, when combined with the right narratives and latest tricks of behavioral psychology and game-based incentives like points and badges, keep them engaged over a long period of time, without the need for teacher-controlled classrooms.

Alcoholics Anonymous: Transformative learning requires difficult work and keeping learners on task for long enough to break bad habits and instill good ones. At Acton we are finding that this means establishing one-on-one learning covenants and accountable relationships with role models—those whom the student aspires to be like—and with “accountability partners,” friends or fellow students who promise to affirm and hold a learner accountable for the promises he or she has made.

In the same way that Wikipedia has transferred the gathering, review, and editing from a few highly paid editors to a crowd-sourced army of volunteers, affirming and holding learners accountable may be transferred from teachers to an army of volunteer mentors, learning partners, and self-organizing study groups.

The Boy Scouts: Over time, like merit badges from the Boy Scouts, badges become proof that a learner has acquired the skills and character needed for a learner to be trusted with more advanced challenges in the real world. When verified by credible third parties, these badges become a far richer form of proof than a college degree and a grade point average.”

There is no doubt in my mind that the future of higher education will be digital, open and mobile.

As melhores universidades do mundo, para estudar

Todos os anos são seleccionadas as melhores universidades mundiais em diferentes áreas pelo ranking  Times Higher Education World University.

Fonte

As 10 melhores universidades de saúde e medicina
1     University of Oxford     United Kingdom
2     Harvard University     United States
3     Imperial College London     United Kingdom
4     University of Cambridge     United Kingdom
5     Johns Hopkins University     United States
6     Stanford University     United States
7     University College London     United Kingdom
8     Yale University     United States
9     University of California Los Angeles     United States
10     Duke University     United States

As 10 melhores universidade de ciências da vida
1 – Harvard
2 – Massachusetts Institute of Technology
3 – Cambridge
4 – Oxford
5 – Stanford
6 – Universidade da Califórnia em Berkeley
7 – Yale
8 – Princeton
9 – Imperial College London
10 – Universidade da Califórnia em Los Angeles

As melhores universidades mundiais de artes e humanidades
1 – Stanford
2 – Harvard
4 – Australian National University
5 – Princeton
6 – Cambridge
7 – Oxford
8 – University College London
9 – Universidade da Califórnia Berkeley
10 – Universidade de Toronto

 

Nicolau Tolentino de Almeida: “chaves na mão, melena desgrenhada…”

Um dos nossos (deliciosos) sonetos de sátira social…

Chaves na mão, melena desgrenhada,
Batendo o pé na casa, a mãe ordena
Que o furtado colchão, fofo e de pena,
A filha o ponha ali ou a criada.

A filha, moça esbelta e aperaltada,
Lhe diz coa doce voz que o ar serena:
– «Sumiu-se-lhe um colchão? É forte pena;
Olhe não fique a casa arruinada…»

– «Tu respondes assim? Tu zombas disto?
Tu cuidas que, por ter pai embarcado,
Já a mãe não tem mãos?» E, dizendo isto,

Arremete-lhe à cara e ao penteado.
Eis senão quando (caso nunca visto!)
Sai-lhe o colchão de dentro do toucado!…

Nicolau Tolentino

“to boldly go where no man has gone before”

“Space: the final frontier. These are the voyages of the starship Enterprise. Its five-year mission: to explore strange new worlds, to seek out new life and new civilizations, to boldly go where no man has gone before.” (Gene Roddenberry, 1966)

—————-

It has been suggested that the quotation was taken from a White House booklet published in 1958. The Introduction to Outer Space, produced in an effort to garner support for a national space program in the wake of the Sputnik flight, read on its first page:

The first of these factors is the compelling urge of man to explore and to discover, the thrust of curiosity that leads men to try to go where no one has gone before. Most of the surface of the earth has now been explored and men now turn on the exploration of outer space as their next objective.

Interestingly, the situation came full circle in 1989, when NASA used the Star Trek version of the quotation to title their retrospective of Project Apollo: Where No Man Has Gone Before: A History of Apollo Lunar Exploration Missions.

Following an early expedition to Newfoundland, Captain James Cook declared that he intended to go not only “… farther than any man has been before me, but as far as I think it is possible for a man to go” (emphasis added). Cook’s most famous ship, the Endeavour, lent its name to the last-produced of the space shuttles, much as the Star Trek starship Enterprise lent its name to the program’s test craft.

Similar expressions have been used in literature prior to 1958. For example, H. P. Lovecraft’s novella “The Dream-Quest of Unknown Kadath”, written in 1927 and published in 1943, includes this passage:

At length, sick with longing for those glittering sunset streets and cryptical hill lanes among ancient tiled roofs, nor able sleeping or waking to drive them from his mind, Carter resolved to go with bold entreaty whither no man had gone before, and dare the icy deserts through the dark to where unknown Kadath, veiled in cloud and crowned with unimagined stars, holds secret and nocturnal the onyx castle of the Great Ones.

Fonte

Espantosa linha de desenvolvimento, dos anos 60 aos nossos dias…

Even the split infinitive in the title sequence that offended many purists — “to boldly go where no man has gone before” — has had its sharp edges of offence rubbed off by long familiarity; perhaps even by the growing consciousness that there’s really no such thing as a split infinitive in English and that altering the word order would destroy the emphasis. The producers changed it for The Next Generation and I was fascinated and delighted to discover that they’d gone PC but hadn’t altered the grammar, making it “to boldly go where no one has gone before” (aqui).

Os justos, JLB

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Um homem que cultiva o seu jardim, como queria Voltaire.
O que agradece que na terra haja música.
O que descobre com prazer uma etimologia.
Dois empregados que num café do Sul jogam um silencioso xadrez.
O ceramista que premedita uma cor e uma forma.
O tipógrafo que compõe bem esta página, que talvez não lhe agrade.
Uma mulher e um homem que lêem os tercetos finais de certo canto.
O que acarinha um animal adormecido.
O que justifica ou quer justificar um mal que lhe fizeram.
O que agradece que na terra haja Stevenson.
O que prefere que os outros tenham razão.
Essas pessoas, que se ignoram, estão a salvar o mundo.

J.L. Borges