Ora aí está uma pergunta discreta e original sobre… o tempo. Este blog tem nome escolhido há 4 anos, quando ainda era uma página pessoal, com comentadores. Passou a blogspot no dia de Novo Ano de 2005. E mudou-se para o wordpress em Outubro de 2007, de malas e bagagens, ou seja, importanto todo o conteúdo que estava no Blogspot. Continua inteiro, aqui. Com as marcas do tempo e das ideias expostas, até porque, como disse um dia um dilecto vizinho da blogoesfera, o próprio blog ajuda o autor a perceber o que foi mudando no tempo. Até aqui, linear.
Agora, o nome?? Dar nome às coisas é o que os seres humanos fazem quando pensam, claro. Nomear, ao dar nome, é dar existência…Como chamaria eu a este blog, se fosse agora?
Poderia ser Ágora, em homenagem ao sítio onde Sócrates mais falava, espaço público e de cidadania, por excelência – mas já é título de duas revistas filosóficas e uns quantos blogues….
Poderia ser Jardim de Epicuro, pois que o filósofo assim ficou conhecido mas já há pelo menos um inspirado na ideia, com nome Garden of Philodemus
Interrogaria Scriptorium, “lugar para escrever”, se fechasse as caixas de comentários. O que nunca fez parte da ideia – aliás, nem moderação de comentários, quanto mais…
Claro que outra hipótese seria Polis, em ligação a Hannah Arendt, uma mulher para quem a filosofia não era saber tudo mas saber de si mesmo como princípio de acesso à liberdade. E a política surge no “espaço entre-os-homens”, ou seja, baseada na relação interpessoal, na convivência entre diferentes e na pluralidade. Em Arendt, a política pode ser entendida como conversar-com-outro-sobre-alguma-coisa-comum, nascida na essência do diálogo.
Ah, outra hipótese seria Diálogos, pela etimologia «dia-Logos», «travessia pelas palavras», ainda que o Logos grego passasse de «palavra» a «razão»; com a vantagem de retomar Sócrates e o método maiêutico.
Porém, o mote comum, ainda assim, e hoje, seria a liberdade (título magnífico de um livro de Stuart Mill) de conversar – ou seja, de enunciar com verso e com reverso, que a ideia de conversar também exige o Outro, que expressa verso ou reverso. Co(n)versar. “uma forma de sociabilidade indispensável para a consistência da vida em comum, dando densidade ao que é viver em sociedade.(….) Ideia claramente colocada no Amigo do Povo há um ano.
Porque as conversas que se desfrutam continuam as ser dos momentos melhores, dos que discutem o que ocorre ou o que interessa naquela altura, autores, livros, ideias, memórias, coisas… do seu tempo, ao tempo em que aconteceram.
Portanto, a resposta só pode ser que sim, e sublinharia os pontos de exclamação e interrogação.