Sagas – há fantástico português? e história do fantástico?

Recentemente, andei pelas sagas – os livros de J.R.R. Tolkien (ordem de leitura), a saga Harry Potter (de J.K.Rowling), do Twilight (Stephenie Meyer), de Hunger Games (Suzanne Collins), da série Divergente (Veronica Roth). Há uns tempos mais atrás, a referência à saga Millenium (Stieg Larsson/ David Lagercrantz) e às Crónicas de Gelo e Fogo de George R.R. Martin.

Fantástico. Literatura traduzida. Temos Fantástico português? Sim, claro que sim. Alguns exemplos: Filipe Faria com a saga Crónicas de Allaryia, Francisco Dionísio com a saga Os Mouros das Terras Encantadas (O monte sagrado, Elmo de cristal); Bruno Matos com a trilogia Os 5 Moklins, Ricardo Pinto com a trilogia A Dança de Pedra do Camaleão, Rafael Loureiro com a trilogia Nocturnus, Inês Botelho com a trilogia O Ceptro de Aerzis, Sandra Carvalho, A saga das Pedras mágicas.

Para ler:

Por uma história da literatura fantástica

A literatura fantástica: caminhos teóricos

Literatura fantástica: percursos e interfaces

Hallmarks of Fantasy: A Brief History of the Genre

The Fantastic as a Technique of Redynamizing Mimetic Fiction

Apontamentos para uma História Recente da Ficção Especulativa Portuguesa (1999 – 2022)

Fantástico e seus arredores: figurações do insólito

imagem aqui

Roteiro cinematográfico no Universo Marvel ou plano para 31 sessões

Há uma sequência certa para ver os filmes – em ordem cronológica dos acontecimentos dentro do Universo Cinematográfico Marvel. As datas em que as histórias acontecem foram oficializadas pela Marvel Studios. E vamos em 31 – um filme por dia, um mês.

  1. Capitão América: O Primeiro Vingador (Captain America: The First Avenger, 2011) acontece em 1943/45.
  2. Capitã Marvel (Captain Marvel, 2019). Década de 90 (1995).
  3. Homem de Ferro (Iron Man, 2008). Acontece em 2010.
  4. O Incrível Hulk (The Incredible Hulk, 2008). Acontece em 2011.
  5. Homem de Ferro 2 (Iron Man 2, 2010). Acontece em 2011.
  6. Thor (2011). Acontece em 2011.
  7. Os Vingadores (Marvel’s The Avengers, 2012). Acontece em 2012.
  8. Homem de Ferro 3 (Iron Man 3, 2013). Acontece em 2012.
  9. Thor: O Mundo das Trevas (Thor: The Dark World, 2013). Acontece em 2013.
  10. Capitão América: O Soldado do Inverno (Captain America: The Winter Soldier, 2014). Acontece em 2014.
  11. Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy, 2014). Acontece em 2014.
  12. Guardiões da Galáxia Vol. 2 (Guardians of the Galaxy Vol. 2, 2017). Acontece em 2014.
  13. Vingadores: A Era de Ultron (Avengers: Age of Ultron, 2015). Acontece em 2015.
  14. Homem-Formiga (Ant-Man, 2015). Acontece em 2015.
  15. Capitão América: Guerra Civil (Captain America: Civil War, 2016). Acontece em 2016, logo a seguir a Thor:Ragnarok.
  16. Viúva Negra (2021)
  17. Pantera Negra (Black Panther, 2018). Acontece em 2017.
  18. Homem-Aranha: Regresso a Casa (Spider-Man: Homecoming, 2017). Acontece em 2015.
  19. Doutor Estranho (Doctor Strange, 2016). Acontece entre 2016 e 2017.
  20. Homem-Formiga e a Vespa (Ant-Man and the Wasp, 2018). Simultaneamente aos eventos de Vingadores: Guerra Infinita
  21. Thor: Ragnarok (Thor: Ragnarok, 2017). Acontece em 2017.
  22. Vingadores: Guerra Infinita (2018). Acontece em 2017. Acontece logo a seguir a Thor: Ragnarok.
  23. Vingadores: Endgame (Avengers: Endgame, 2019). História acontece em 2023 (com viagens no tempo a 2017, 2014, 2013, 2012 e 1970).
  24. Homem-Aranha: Longe de Casa (2019). Acontece em 2023, 8 meses após os eventos de Vingadores: Endgame.
  25. Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis (2024)
  26. Eternos pouco tempo após os acontecimentos de Vingadores: Endgame (2019)
  27. Homem-Aranha: Sem Volta para Casa (2019)
  28. Doutor Estranho no multiverso da loucura (2022)
  29. Thor: Amor e Trovão (2022)
  30. Black Panther: Wakanda para Sempre (2022)
  31. Ant-man & the Wasp: Quantumania (17 fevereiro 2023)
  32. Guardiões da Galáxia 3 (previsto para maio 2023)
  33. Spider-man: across the spider-verse (previsto para junho 2023)
  34. The Marvels /Captain Marvel 2 (previsto para julho 2023)
  35. Kraven the hunter (previsto para outubro 2023)
  36. ….

Citação do dia

“cheguei à conclusão de que aquele que não encontra todo o universo encerrado nas ruas da sua cidade, não encontrará uma rua original em nenhuma outra cidade do mundo. E não a encontrará porque o cego em Buenos Aires é cego em Madrid ou em Calcutá…
Recordo-me perfeitamente de que os manuais escolares pintavam os senhores ou os jovens cavaleiros que perambulavam pelas ruas como futuros perdulários, mas eu aprendi que a escola mais útil para o conhecimento é a escola da rua, escola amarga, que deixa na boca o sabor de um prazer agridoce e que ensina tudo aquilo que os livros nunca dirão. Porque, desgraçadamente, os livros são escritos por poetas ou idiotas.
No entanto, passará ainda muito tempo antes que as pessoas se dêm conta da utilidade de uns banhos de multidão e de rua. Mas no dia em que aprendam isso, serão mais sábias, mais perfeitas e, sobretudo, mais indulgentes. Sim, indulgentes.”

Roberto Arlt, Águas-Fortes Portenhas, 2020.

“A água-forte é uma técnica de gravura, e as “Águas-Fortes Portenhas” (ou seja, de Buenos Aires), que Roberto Arlt publicou no jornal “El Mundo” entre 1928 e 1933, querem-se gravuras dessa cidade, nesses anos. Umas amáveis, pitorescas, outras agrestes ou disformes, goyescas. Quem leu a ficção de Arlt (como o romance “Os Sete Loucos” ou os contos de “Escritor Fracassado”) sabe que o indócil argentino apostava tudo na sinceridade, por mais brutal que fosse. E nas crónicas também é assim, sendo que a verdade ou verosimilhança das situações as torna menos “exageradas”, mais próximas da vida como ela é.” (Pedro Mexia, Expresso)

Sujeitos ao Lápis Azul

Durante 48 anos, em Portugal, tudo o que se publicava – da comunicação social às mais diversas formas de arte – passava pelo escrutínio do Lápis Azul, nome pelo qual ficou conhecida a censura da polícia política, que rasurava a informação considerada imprópria, aos olhos do Governo. Apresentam-se três listas:

  • a do investigador José Brandão, que em 2012 compilou uma lista com 900 livros censurados pelo Estado Novo
  • um volume de catálogo publicado pela Universidade de Aveiro, em 2014, sob o título Sugestões de Leitura | “Livros Censurados em Portugal”
  • agora, depois da exposição na BNP, o Catálogo das Obras proibidas e censuradas no Estado Novo, obras que estiveram em exposição em 2022.

“Acusados de serem imorais, pornográficos, comunistas, irreligiosos, subversivos, maus, antissociais, dissolventes, anarquistas ou revolucionários, os livros examinados pela Censura abrangem áreas como as artes plásticas, ciências naturais, ciência política, economia, educação, geografia, filosofia, história, literatura, música, sociologia, religião, entre outras. Os censores proibiram especialmente as obras marxistas-leninistas, eróticas ou de educação sexual, e, nas décadas de 1940 e 50, a literatura neorrealista.

De entre os livros proibidos da Biblioteca da Censura, encontram-se obras de autores como Jorge Amado, Natália Correia, Orlando da Costa, Vergílio Ferreira, Carmen de Figueiredo, Daniel Filipe, Tomás da Fonseca, Soeiro Pereira Gomes, Manuel Teixeira Gomes, Egito Gonçalves, Maria Lamas, Teixeira de Pascoais, Cardoso Pires, Graciliano Ramos, Alves Redol, Santareno, Miguel Torga, Louis Aragon, Italo Calvino, Mikhail Cholokhov, Colette, Joseph Conrad, Friedrich Engels, William Faulkner, Maksim Gorkii, Piotr A. Kropotkine, Lenine, André Malraux, Karl Marx, Friedrich Nietzsche, John Reed, John dos Passos, Françoise Sagan, Leão Tolstoi, Roger Vailland, ou Simone Weil.

A par da propaganda, da repressão exercida pelo Estado através da polícia política, do clima de medo e autocensura, a atuação da Censura teve um impacto incomensurável não só no desenvolvimento das mentalidades e na vida intelectual do país, na produção e receção literárias, no quotidiano e obra dos escritores, mas também no legado que deixou às gerações vindouras.”

Álvaro Seiça (texto aqui)

Este projeto beneficiou de financiamento do Programa-Quadro de Investigação e Inovação Horizonte 2020 da União Europeia ao abrigo da convenção de subvenção Marie Skłodowska-Curie n.º 793147, ARTDEL.

Documentos Obras proibidas e censuradas no Estado Novo Obras proibidas e censuradas no Estado Novo

Citação do dia

Uma história não tem princípio nem fim, só portas de entrada.

Uma história é um labirinto infinito de palavras, imagens e espíritos esconjurados para nos revelar a verdade invisível a respeito de nós mesmos. Uma história é, em última análise, uma conversa entre quem a narra e quem a escuta, e um narrador só pode contar ate onde lhe chega o ofício e um leitor só pode ler até onde leva escrito na alma.

É esta a regra-mestra que sustenta todo o artifício de papel e tinta, porque quando as luzes se apagam, a música se cala e a plateia se esvazia, a única coisa que importa é a miragem que ficou gravada no teatro da imaginação que todos os leitores têm na mente. Isso e a esperança que todo o fazedor de contos acalenta: que o leitor tenha aberto o coração a alguma das suas criaturas de papel e lhe tenha entregado qualquer coisa de si para torná-la imortal, ainda que seja só por uns minutos.

O Labirinto dos Espíritos, Carlos Ruiz Zafón

‘Mergulhão-de-crista: um colonizador recente’ – dia 21 de fevereiro

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Webinar | ‘Mergulhão-de-crista: um colonizador recente’

21 de fevereiro | 21h30

Iniciativa organizada em conjunto com o portal Aves de Portugal e dos grupos de Facebook “Aves de Portugal Continental ” e “Aves em Portugal”, com o apoio do IPS. Orador: Gonçalo Elias. Participação livre. Local: Plataforma Zoom/Colibri. Duração: 45 minutos.

Todos os webinars ficam disponíveis no canal YouTube – Aves de Portugal.

A importância de desconfiar. João Brás.

O título chama. “é mais importante desconfiar do que confiar” (p. 30)

“Todos os seres humanos desconfiam e suspeitam de vários modos e com objetivos distintos, quer no passado como no presente, quer em relação a outros indivíduos, ideias, acontecimentos ou situações. (…) Desconfia-se por rudeza, cegueira, malícia, precipitação ou fantasia, porque, simplesmente, se quer desconfiar, mas desconfia-se também por prudência, sabedoria e penetração do espírito. Há diferenças clarificadoras entre o desconfiar filosófico e o desconfiar.” (p.32)

“O trabalho da desconfiança consiste em destruir o falso, instalar a perplexidade no óbvio, a inconsistência no absoluto, a controvérsia no dogmático, a liberdade na obediência, na autoridade e na tradição, a inquietação na estabilidade do sono descansado e a perturbação na consciência comum onde nascem as evidências. Esta ideia encontra a sua força como insubmissão e contestação contra o dado e o aceite, e na sua aspiração paradoxal a modo de ser e estar autêntico” (p. 71).

“João Brás analisa e disseca o tema da desconfiança e as suas múltiplas implicações no comportamento humano e pelo bom uso que dele podemos e devemos fazer na nossa vida prática diária. Para tanto será necessário distinguir, entre outras coisas, duas vias na desconfiança filosófica. A boa desconfiança, que supera e progride na reiteração de um exercício de liberdade, insubmissão e clarividência, e a má desconfiança, incapaz de superar a sua própria condição, que se toma como o seu próprio fim e se compraz nesse movimento. A má desconfiança manifesta-se na má fé, na má consciência na má vontade, no niilismo e no pessimismo. A boa desconfiança é uma atitude, conceito e teoria, e tem na desfascinação, na lucidez e no desengano consequências possíveis. É o instrumento de uma filosofia possível como filosofia prática que nos permite pensar a vida na totalidade das suas manifestações e completar uma inteligibilidade redutora que é vigente e triunfante, mas unilateral e totalitária.” sinopse aqui