Poesia, sempre

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III

Meço-me
Contra uma árvore alta.
Acho que sou muito mais alto,
Pois chego mesmo até ao sol,
Com os meus olhos;
E chego à praia do mar
Com os meus ouvidos.
Todavia não gosto
Do modo como as formigas rastejam
Para dentro e para fora da minha sombra.

wallace stevens
ficção suprema
trad. luísa maria lucas queiroz de campos
assírrio & alvim
1991

II – “Bioethics goes to the movie”: exemplos

Uma tríade dinâmica: filmes, ética e bioética

I – “Bioethics goes to the movie”: alguns exemplos

(O escafandro e a borboleta , 2007 ; Os descendentes, 2011; Mar adentro, 2004)

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Continuando o assunto, a escolha de hoje é um dos meus preferidos de sempre:

De quem é a vida afinal?, Whose life is it, anyway?,   realizado por John Badham, em 1981, com Richard Dreyfus, John Cassavetes e Christine Lahti.

Um filme sobre a recusa de tratamento (e não sobre a eutanásia, como há quem diga)

Juno, 2007

Artigo da Revista Bioethikos – “Juno: um filme multidisciplinar”

 

Do interessante: do menosprezo à ascensão de Ophiuchus

A pergunta que apetece é céptica: quantas crenças foram/são  «forjadas» por conveniências? Aos babilónios não interessavam treze?! …

O assunto: novo mapa do zodíaco. Não tem a ver «apenas» com horóscopos mas com mapa astral.

ARTIGO DA VISÃO

“A notícia caiu como uma bomba entre os aficionados dos signos: Os astrónomos do Minnesota Planetarium Society, nos EUA, redifiniram o calendário do zodíaco. Na prática, quer dizer que a maioria de nós pertence ao signo anterior ao que julgava. Se para muitos esta alteração nada representa, para outros o assunto é mais “grave”: “Se o meu signo afinal é Balança, o que é que eu hei-de fazer à minha tatuagem de Escorpião”, lia-se ontem no Twitter, onde esta questão foi precisamente a mais comentada do dia de quinta-feira. A confusão foi lançada por um artigo publicado no Minneapolis Star Tribune, que explicava que os antigos astrónomos da Babilónia basearam os signos na constelação na qual o Sol se encontrava no dia do nascimento. Só que, ao longo dos milénios, a força gravitacional da Lua terá feito a Terra oscilar no seu eixo, criando um salto de um mês no alinhamento das estrelas, lê-se na entrevista de um astrónomo do Minnesota Planetarium Society ao Star Tribune. Mas há mais: é que o artigo menciona também um 13º signo, que ficaria entre Escorpião e Sagitário, mas que vários astrónomos têm desvalorizado, dizendo que se refere a uma 13ª constelação (Ophiuchus), que teria sido posta de parte pelos babilónios, por quererem apenas 12 signos. Para os curiosos, fica o calendário, segundo a nova perspetiva:

Capricórnio: De 20 Janeiro a 16 Fevereiro
Aquário: De 16 Fevereiro a 11 Março
Peixes: De 11 Março a 18 Abril
Carneiro: De 18 Abril a 13 Maio
Touro: De 13 Maio a 21 Junho
Gémeos: De 21 Junho a 20 Julho
Caranguejo: De 20 Julho a 10 Agosto
Leão: De 10 Agosto a 16 Setembro
Virgem: De  16 Setembro a 30 Outubro
Balança: De 30 de Outubro a 23 Novembro
Escorpião: De 23 a 29 Novembro
Serpentário (Ophiuchus): De 29 Novembro a 17 Dezembro
Sagitário: De 17 Dezembro a 20 Janeiro”

2. Ophiucus
“Ophiuchus is a large constellation located around the celestial equator. Its name is Greek (Ὀφιοῦχος) for ‘serpent-bearer’, and it is commonly represented as a man grasping the snake that is represented by the constellation Serpens. Ophiuchus was one of the 48 constellations listed by the second-century astronomer Ptolemy, and it remains one of the 88 modern constellations. It was formerly referred to as Serpentarius English pronunciation: /ˌsɜrpənˈtɛəriəs/, a Latin word meaning the same as its current name.There’s the real facts …interesting that this constellation contains Barnard’s star the Third closest star to Earth and Kepler’s super nova that Galileo used to disprove Aristotle’s assertion that the Heavens were unchanging and unchangeable. It was ascribed to represent Asclepius who discovered immortality and whom Zues killed with a lightning bolt to keep Humans from becoming immortal under his care…. Oh and finally it is used by astrologers who practice the sidereal form (the original one) as the 13 th sign of the Zodiac usually depicted as a man holding a serpent or as Asclepius’ staff ,the rod wound with a snake that today represents Medical things.” The globe and mail

novo zodiaco_fev2013
Moral da História:
Ophiucus já lá estava – não foi contado, considerado. E agora afetou todo o mapa e, por arrasto, signos solares, ascendentes, signos lunares….
Para quem aprendeu os planetas com Plutão e os os signos com os doze, trata-se de fazer «refresh».
Mas o mais interessante é pensar no menosprezo, hoje vingado, do “Serpentário”!

“homo sapiens sapiens”?! de certeza?

O homo sapiens é tido (ou tem-se)  como o único ser capaz de pensar racionalmente e o único que tem consciência de tal capacidade. Somos, portanto, animais que sabem que sabem. Este traço, de sermos e nos sabermos dotados de pensamento, permite-nos ligar coisas que parecem separadas, ver o global. Contudo, aprendemos primeiros a separar; ensinam-nos (e ensinamos) o analítico e a compartimentação.  As disciplinas são como gavetas, o conhecimento aparece primeiro parcelado.

Curiosamente, numa realidade multidimensional e complexa, a abordagem continua a ser predominantemente mono. Mono disciplinar. Linear, mecânica, disjuntiva. Aquilo a que Morin chamou «o princípio da separação». Quando o que nos rodeia e o que habita em nós é de natureza prismática, complexa.

Apelamos e apelamo-nos à compreensão do mundo e dos Outros, a partir de uma mentalidade (pensamento, pois) que tende a ser parcelar, que soma partes para pretender atingir o todo (que, como é sabido, é maior que a soma das partes). Parece existir uma estranha e inquietante dificuldade de pensar amplo, de desenvolver mentalidade alargada.

Assim,  mais parecemos homo sapiens de inteligência míope, de pensamento estreito. Quanto maiores (mais planetários, diria Morin) são os problemas, mais se desenvolve a incapacidade os pensar.  Apesar das intenções, continuamos a separar as ciências, as humanidades, as artes. Porque realmente habituados a reduzir, a separar…

Mesmo que essa seja ou tenha sido das primeiras aprendizagens, importa aprender a lidar com o global, o plural, a trama complexa (e não apenas com os fios, o padrão, o tear…). É preciso superar o cartesianismo que teima em persistir. Abrir verdadeiramente espaço ao diverso, à referencialidade múltipla, à pluralidade de linguagens e interpretações. E esta urgência é tanto ética, como política, como cultural, como pedagógica, como, essencialmente, humana.

Para animais que sabem que sabem, às vezes pensamos pouco.

“As novas humanidades”, António Fidalgo

Sem Título“Para quem em Portugal fez o liceu e a universidade nas décadas de 50 ou 60, a situação actual das humanidades nos diferentes níveis de ensino causa perplexidade e até angústia. As línguas clássicas agonizam. (…)

Fácil de concluir que a universalização do ensino aconteceu a par de um abaixamento significativo da aprendizagem humanística.
(…)

O que era normal há umas décadas na bagagem cultural de um estudante comum de uma Faculdade de Letras hoje será tido como marca invulgar de um estudante actual. A grande diferença reside sobretudo na falta de leituras outrora consideradas essenciais. O tempo passado em frente da televisão e em jogos de computador retirou o tempo à leitura, em particular às obras de grande fôlego. Falta cultura literária, histórica e filosófica. O mais provável porém é que o défice agora sentido, porque reside ainda na memória um termo anterior de comparação, se torne com o decorrer do tempo mais e mais a situação normal. Não é previsível que os níveis de leitura regressem alguma vez ao que eram há uma geração. A evolução tecnológica aumentará e reforçará as alternativas à leitura. A questão então é saber se estas alternativas equivalem ao declínio da cultura em geral ou significam uma mudança de paradigma nas expressões culturais, na sua difusão e aquisição. Os apocalípticos, ao género de Neil Postman, consideram que as inovações tecnológicas induzem à transformação da cultura em entretenimento e a uma consequente infantilização dos consumidores. Outros, todavia, crêem que a generalização e a divulgação do som e da imagem mediante aparelhos portáteis inauguram tipos de cultura radicalmente outros, mas não necessariamente inferiores no seu potencial humanístico.”

Revisões sistemáticas: links e handbooks

Guidelines for writing systematic reviews

Systematic Reviews. CRD’s guidance for undertaking reviews in health care, 2008

There are a number of reasons why a new review may be considered. Commissioned calls for evidence synthesis are usually on topics where a gap in knowledge has been identified, prioritised and a question posed. Alternatively the idea for a review may be investigator led, with a topic identified from an area of practice or research interest; such approaches may or may not be funded. Whatever the motivation for undertaking a review the preparation and conduct should be rigorous.

The PRISMA Statement for Reporting Systematic Reviews and Meta-Analyses of Studies That Evaluate Health Care Interventions: Explanation and Elaboration

The PRISMA Statement consists of a 27-item checklist and a four-phase flow diagram. The checklist includes items deemed essential for transparent reporting of a systematic review. In this Explanation and Elaboration document, we explain the meaning and rationale for each checklist item. For each item, we include an example of good reporting and, where possible, references to relevant empirical studies and methodological literature. The PRISMA Statement, this document, and the associated Web site (http://www.prisma-statement.org/) should be helpful resources to improve reporting of systematic reviews and meta-analyses.

Cochrane Handbook for systematic reviews of interventions, 2011

Evidence-based health care and systematic reviews

Systematic reviews

A systematic review is a high-level overview of primary research on a particular research question that tries to identify, select, synthesize and appraise all high quality research evidence relevant to that question in order to answer it.

Key Points:

  1. Systematic reviews seek to collate all evidence that fits pre-specified eligibility criteria in order to address a specific research question
  2. Systematic reviews aim to minimise bias by using explicit, systematic methods
  3. The Cochrane Collaboration prepares, maintains and promotes systematic reviews to inform healthcare decisions: Cochrane Reviews

Methods Guide for Effectiveness and Comparative Effectiveness Reviews

april 2012

[Personagens de ficção]… Dustfinger

Dustfinger é uma personagem extraordinária – hesitante e determinado, corajoso e cobarde, inábil em algumas escolhas, a corrigir-se, a querer ir além do que o seu criador desenhou, a desafiar a história, a não esmorecer para regressar a casa…

Dir-se-ia que prefiro heróis com fragilidades e fraquezas… e que, fenómeno raro, a personagem muito humanizada de Cornelia Funke foi notavelmente adaptada ao cinema.

dustfinger - inkheart