Afirmou Aristóteles que “a virtude é (i) uma disposição (ii) ligada à escolha, (iii) residindo na mediedade relativa a nós, (iv) determinada pela razão e (v) tal como o prudente a determinaria” (Ética a Nicómaco, 1106b 36- 1107a 2).
Um justo meio, entre um excesso e um defeito…. como é o caso da paciência, virtude subordinada à fortaleza (hoje mais correntemente designada por coragem) e que consiste na capacidade constante de suportar as adversidades. Trata-se de ter serenidade para enfrentar as contrariedades conservando a calma e o equilíbrio interior, conseguindo compreender melhor as circunstâncias, gerando paz e harmonia em torno de si.
Paciência diz respeito a esperar o tempo da realização – ou seja, sentir e atribuir o valor do (único) momento que existe, o presente precioso, o momento presente. Por isso torna (cada um) mais amável, mais sereno, mais sábio. É suposto que pode ser aumentada com a prática (deliberada e constante). E é precisa – para lidar consigo e com os outros, com o calor do dia a dia, os aborrecimentos, o trânsito, aquela pessoa que nos exaspera, os grãos de areia….
Tem alturas em que (me) falta, reconheço… e a contrapôr à exasperação, recordo a sabedoria de «quem tem pressa, tropeça». (Et voilá! lá se estendem as mãos a aparar a queda!).
(imagem “sand sculpture”, aqui)
Com a imagem do barco ‘solitário’ do post seguinte, fico a pensar que, afinal, é quem se atreve, se precipita, logo, quem não tem paciência para grandes reflexões, que goza da cooperação dos outros (que «estendem as mãos a amparar a queda»). A solidão ou o afastamento social acaba por se virar contra nós… Mesmo que os outros sejam de areia…
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De algum modo, somos todos de areia 🙂 mesmo quando o núcleo é rocha (isos).
A paciência deve ser uma virtude também ligada ao tempo de a cultivar… e é mais com os eventos do que com os pensamentos… (no meu caso).
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