uma formiga?
O desejo de saber é intrínseco à natureza humana, como Aristóteles declarou no início da Metafísica – todo o homem deseja necessariamente conhecer.
Não há ninguém desprovido de curiosidade. Tanto é assim, que temos prazer na actividade dos sentidos, independentemente da sua utilidade. Sto Agostinho falava da «concupiscência dos olhos»…. a curiosidade não se fica por aquilo que lhe está próximo; pelo contrário, procura o que está longe. Mas ao chegar ao longe, torna-o perto, e, assim, vai aniquilando a distância que procura.
Por isso, a curiosidade caracteriza-se pela instabilidade, pela incapacidade de permanecer no mesmo sítio, no mesmo conhecimento. Tem de passar necessariamente a outro, num desassossego contínuo, numa excitação permanente. Sempre e sempre em busca da novidade, da mudança das coisas.
Uma diferença relevante reside no facto de a curiosidade não visar compreender mas tão só ver, satisfazer o desejo e a gulodice da vista. Por isso sabemos que ser «curioso» numa matéria difere de ser conhecedor – para o conhecimento é preciso permanecer, integrar, reformular.
Todavia, é da curiosidade que parte o impulso para conhecer…
Da mesma forma, é preciso distinguir entre erudição e conhecimento.
Um erudito conhece as teorias, cita as conclusões e as teorias de outros. Pode dizer-se que as memorizou, que sabe dos caminhos já percorridos. E se bem que todas as sociedades precisem de pessoas eruditas, atrever-me-ei a dizer que não basta…
Não é forçoso que um erudito, que inegavelmente tem boa memória, tenha opinião própria.
Como não é forçoso que alguém curioso venha a tornar-se conhecedor do assunto…
O método de ensino eficaz, segundo Feynman, deveria formar indivíduos curiosos.
Damos muita teoria e informação, mas ensinamos pouco como usar as informações aprendidas.
Provavelmente, todos procuramos formas de passar
da curiosidade ao conhecimento,
da informação ao uso da informação,
da acumulação de dados à reflexão e criação de opinião…